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Mostrando postagens de 2012

Decisão

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Decidi que vou parar de sofrer. Afinal, uma paixão de verdade merece toda nossa investida. Corpo e alma. Vou deixar essa experiência pra essa geração nova que vem chegando por aí. Quarentão, vejo que não aguento mais o repuxe. Vou me aliar ao meu rádio de pilhas sem envolvimento físico, mas místico e escrever sobre a causa e seus efeitos. Já vi meu time ganhar todo quanto é tipo de campeonato. Mas o símbolo dessa conquista histórica propõe um orgasmo. Abraçar o mundo na mais pura essência onde o time do povo reluziu no topo é proclamar pequenos e obscuros heróis do cotidiano. Essa massa que arrisca a esperança sem esperar retorno. Que, diminuídos, sorriem e esbanjam o triunfo com orgulho no trabalho, na rua, no buteco. Transformam-se em vultos consagrados pela vitória dando esquecimento às chibatadas da injustiça social. Gritam sem hesitar a odisseia alvinegra que sempre vai resgatar a crença e a felicidade coletiva, gravando na história a lúdica frase; “campeão do mundo”.

Sem voz, sem palavras...

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É a primeira vez desde a criação deste blog que não tenho o que escrever. Alegremente rouco, a foto acima falará por mim...sempre.

Anjos

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-Estou farto disso, basta! Assim esbravejou o rei Herodes esmurrando a mesa onde estava, rodeado pelos seus guardas. A razão daquela revolta real era simples: nenhum deles havia conseguido encontrar o messias que iria nascer naquela noite. Todos os meninos nascido naquela semana, Herodes sabia, não era o falado “salvador”. Pelo menos aqueles que os guardas puderam tirar a vida até o momento. E nessa raiva, decidiu ele mesmo dar uma última busca pela redondeza. Haveria de encontrar e sacrificar a qualquer custo aquele menino denominado “o rei dos reis” a quem entendia ser uma ameaça ao seu reinado. Andou vasculhando cada casa de cada lugarejo. Em vão. Antes de voltar, o rei acabou entrando numa taverna que ficava ao lado de um prostíbulo na cidade de Belém a fim de saciar sua fome e sede. Foi no mesmo instante em que esbarrou num homem de fisionomia cansada, como se parecesse ter andado por léguas. Por parte do rei viu-se um olhar áspero. Por parte do outro homem

Inconsciência infantil

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Outra vez, pela manhã, dei de cara com um papel grudado perto do assento do motorista do ônibus que estampava: “Tarifa R$ 2,25”. Apesar do cotidiano dos passageiros do circular Guará/Aparecida ser difícil, com poucos ônibus, o que acarreta em conduções superlotadas, ninguém reclama dos aumentos da passagem. É um silêncio cortante que fez passar despercebido o acréscimo de 15 centavos. Tão logo o ônibus chegou à rodoviária de Aparecida adentraram no veiculo uma quantidade considerável de pessoas, e entre elas, uma moça com seu filho de aproximadamente sete anos de idade. Subindo os degraus, antes de passar por debaixo da roleta, numa das maiores e mais antigas expressões de humilhação contra a criança que é obrigada na maioria das vezes a engatinhar num local sujo por onde passam centenas de pessoas todo dia, o menino disparou uma pergunta que soou alto pelo ônibus ainda sonolento da segunda-feira: “Mãe, o que é tarifa?” Procurando moedas na bolsa, a mãe teve uma res

Indícios, mistérios e a queda

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                         A mídia, no entanto, acabou ficando órfã de notícias da queda palmeirense pelo simples fato da torcida alviverde não ter dado as caras no Palestra Itália na volta do time a São Paulo. A imprensa esperava (e torcia) para um quebra-quebra geral que não aconteceu. Poucos “gatos pingados” estiveram lá num pobre e ridículo protesto. Gesto que desenhou um silêncio misterioso, pois, umas das mais violentas torcidas do Brasil, a Mancha Verde, não apareceu pra tocar seu bumbo ou atirar algumas históricas pedras que um dia já foi capaz de destruir a sala de troféus do clube. E foi como um doente terminal que, mesmo muito amado, até mesmo a própria família acaba clamando pelo fim do sofrimento, mesmo incapazes de realizar a eutanásia. A única diferença é que no futebol há sempre há a possibilidade da ressurreição, do renascimento. Foi assim quando o Corínthians caiu em 2007 triunfando depois na glória de uma conquista histórica, inédita e invicta de uma Libertad

Despertai, Carlucho, despertai!

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Perdi um hábito a algum tempo de não comparecer mais em velório. Acho muito desgastante. Por conta de uma complexidade cada vez maior dentro da minha cabeça, esse ato de “sepultar” algum ente querido faz desordem na minha compreensão. Assim, sempre me pego brincando de que “ velório , só vou ao meu ”. Isso, lógico, se a patroa liberar. Mas no dia 12 de novembro deu certa vontade de espiar um desses derradeiros encontros ( ou seria desencontro?). Foi bem de manhã, quando levei o maior susto lendo numa placa dependura na grade do Cemitério dos Passos em Guaratinguetá o nome daquele que se despedia, seguido de seu inconfundível apelido: Carlucho. Ensaiei. Olhava pela janela do local onde trabalho que fica bem em frente. Fabricava subsídios para enfrentar aquela despedia. Hesitei. Nem mesmo diante dessa tela incomensurável do computador fui capaz de despojar palavras para essa ausência. Via muita gente entrando lá, assim como flores. Flores e mais flores teimando em deixar o

Preços

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Deu-se na década de 1990 uma invasão de Coreanos em Aparecida que montaram suas lojas de roupas nos boxes que compõem a estrutura da rodoviária local. Depois de alguns anos, é muito raro encontrar um desses orientais por lá negociando suas mercadorias. Num sábado atrás, percorrendo essas lojas atrás de algumas camisetas, ouvi uma freguesa perguntando para uma coreana o preço de uma blusa feminina, dessas que usam pouco tecido para compor sua elegância: -Senhora, quanto custa essa blusinha? O sotaque carregado da oriental foi categórico: -68... Com a cara de espanto, a freguesa achando muito caro a pequena peça de roupa, ainda teve o humor afiado: -Não. Não estou perguntando sua idade. Quero saber o preço desta mini blusa aqui. Se ao menos fosse "38", talvez combinasse mais com aquele roubo...

Aos teus pés...

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Cresceram juntos na mesma rua. Jonny era filho de um renomado advogado. Antonio, filho de lavadeira que perdera o marido pedreiro quando ele ainda era um bebezinho. Jonny era maldoso. Achava que podia tudo. Antonio apenas suportava aquela miséria com alegria. Certa vez se desentenderam num jogo de futebol lá no campinho. Jonny com sua chuteira importada. Antonio descalço. A culpa foi de uma entrada mais violenta do moleque mau. Depois de rolarem na poeira do chão levando a turma ao delírio, um adulto que passava por perto acabou por separar a briga. Jonny ainda disse a Antonio que ”ele não chegava aos seus pés” e prometeu outro confronto. Antonio, sem demonstrar medo, topou. Depois deste dia foram se afastando um do outro. O orgulho infantil foi dando lugar a uma mágoa toda vez que Antonio lembrava da frase: “você não chega aos meus pés”. Seguiram destinos opostos. Jonny se formou advogado como seu pai que acabou morrendo de infarto anos depois. Antonio ficou por

Idênticas

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Uma das trigêmeas idênticas de 67 anos havia perdido a luta contra o câncer. O diagnóstico havia previsto mais tempo, mas ela sucumbiu à doença antes. Foi tudo muito rápido. No velório, parentes e amigos, uns conformados pelo fim, outros tristes na natural ausência, esperavam a hora do féretro sair. Muito debilitada, uma das trigêmeas, a que nasceu primeiro, chegou escorada por dois filhos. Fazia muito tempo que não via as outras duas irmãs. Se aproximando lentamente, foi cumprimentando todos que ladeavam a extinta até o instante em que se aproximou da outra irmã. Tentando minimizar a tal tristeza ambiente, falou com a voz embargada para a outra: -Bem que Deus poderia ter se confundido e me levado no lugar dela. E choraram abraçadas como se fosse uma só pessoa...

Virgindade em dois tempos

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Dois senhores distintos estavam então olhando pela manhã as notícias nos vários jornais dependurados na banca da praça quando um deles leu a seguinte manchete: -Garota brasileira leiloa sua virgindade pela internet num lance final que rendeu US$ 780 mil Dólares. O comentário entre os dois foi inevitável: “Tá vendo compadre. Na minha época era bem diferente. Pra perder a minha virgindade meu tio Juarez teve que pagar uma fortuna pra uma biscate lá na zona da Helena Dote. E eu acabei levando de brinde uma gonorréia da ‘mardita’ ”...

A Cruz de Malta é o meu pendão...

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Cruzmaltino roxo, ele nunca tirava a camisa do Vasco. Trocava por outra, mas todo dia só era visto com a camisa do Gigante da Colina. Isso foi uma promessa feita no decorrer do campeonato da série B. Depois do rebaixamento, caso o Vasco voltasse à elite do futebol brasileiro no mesmo ano, usaria pra sempre a camisa do time. Mas ele acabou percebendo que usar a camisa do Vasco poderia fazer com que ele se libertasse de algo que o incomodava muito: o cinto de segurança.  Aquela faixa transversal na camisa iludia qualquer um e acabava por parecer o cinto deslocado sobre o peito do motorista. O que não estava combinado era que, logo depois desta idéia absurda, ele se envolveria num acidente trágico, o qual, por não usar o cinto de segurança, fora lançado pra fora do veículo causando sua morte instantânea. Foi enterrado com o manto Cruzmaltino. Vestígio de nunca quebrar a promessa feita. Fora a bandeira do clube de coração sobre seu caixão que acompanhou o cortejo até os últim

Eu não sou cachorro não...

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Sempre no feriado do dia 12 de outubro Aparecida recebe milhares de romeiros que vem cumprir promessas e agradecer Nossa Senhora pelas graças recebidas. O comércio, formal ou informal, estabelecido ou ambulante, apostam todas as fichas no movimento deste dia. É fácil também encontrar na véspera do dia 12 muitas casas que ficam nas imediações da Basílica oferecendo banho para as pessoas que aqui chegam. As filas se formam longas principalmente pelo Bairro de Santa Rita. Passando pela rua na véspera do feriado, eis que vejo um casal de pessoas aparentemente muito simples, segurando algumas sacolas e suas toalhas, formando uma fila na porta de um estabelecimento que estampava em letras garrafais em sua porta de vidro: BANHO E TOSA. O casal simples logo teve junto deles mais alguns adeptos à fila. A espera ia bem até o momento em que um conhecido deles passou por perto. Ao receber o convite, entoado bem mais como uma pergunta se não ia tomar uma ducha também, ele respondeu:

Passado, presente e futuro: A dinastia Wendling em Aparecida.

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Na lista de eleitores no ano de 1900 em Aparecida é possível subtrair entre outros o nome do Sr. Carlos Wendling. Homem representativo da época que, muito provavelmente, participou dos movimentos de emancipação do nosso município entre 1895 a 1898. Através do livro Nossas Origens número 3 do historiador mestre Benedicto Lourenço podemos saber que Carlos Wendling, nascido em Petrópolis/RJ em 1875, era conhecido pelo comércio de ervas medicinais. Emancipacionista de Aparecida em 1928 apoiou financeiramente o movimento. 84 anos depois, a história política de Aparecida se confunde de novo com outro “Wendling”. Aclamado nas últimas eleições com 1391 votos, o mais votado candidato a vereador, Carlos Rodrigo Assis Wendling, ou simplesmente “Diguinho” vem de uma forma notória tentar mudar o rumo da Câmara Municipal de Aparecida. Colocar rédeas neste sistema político defasado, embasado na humildade, coragem, competência e acima de tudo: honestidade.  Bisneto de Carlos Wendling, ele é

Promessas ao vento...

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Um prédio alto, cujas janelas, dão de frente ao telhado da minha casa. Lá, fumantes tentam desvairadamente clarear a noite luzindo em brasa a ponta de seus companheiros inseparáveis. No final de cada cigarro, arremessam as “bitucas” que encontram as telhas sem alarde. E ali elas ficam queimando silenciosas o que resta do composto químico que não sucumbiu numa tragada. Dias após, esquecidas na imensidão dali, um vento forte varre tudo pra baixo. Pairam as “bitas” bem em frente a minha porta. Pacientemente, me vejo recolhendo-as, uma a uma, numa pequena sacola plástica pra jogá-las no lixo num gesto costumeiro depois de cada ventania ou chuva. Mas, nesse deslocar, eis que vejo do outro lado da rua, o carro de uma das fumantes que contribuem para aquela poluição. Instinto interrompido apenas para que, na busca de uma caneta e papel, eu possa escrever um bilhete pra ela e amarrar junto a sacola com as bitucas de cigarro em uma das portas do seu carro: “Estas são as bitas dos cigarros que v

Cúmplices

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Vazio de fora: Avesso preenchimento. A alma preenche o vazio de dentro...

Sons da manhã

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No ouvido que ainda dorme o galo entoa o primeiro "acorde".

Ferir

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Às vezes as vozes tem dizeres algozes.

Incomunicáveis

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-Senhor Presidente, bom dia, desculpa minha afobação em lhe abordar tão cedo em sua sala. É que recebi uma notícia horrível para a nossa empresa. A Anatel anunciou a suspensão da venda de novas linhas telefônicas de três companhias de telefonia celular a partir da semana que vem. Proibiram a gente de vender em 19 estados do país além também de impedir a portabilidade. -Não é possível. Não acredito nisso. Teremos prejuízos enormes. Eles estão de brincadeira. Essa proibição não procede. Temos um ótimo sinal de cobertura, o melhor do Brasil. Ligue agora para os nossos advogados. Urgente! -Senhor, estou ligando pra eles já faz um tempo. Só que meu celular está sem nenhum sinal. Quando consigo um sinal, parece-me que os telefones deles é que estão fora de área...

Tatu, o Corinthiano!

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Antes de relembrar sua jornada neste mundo como um dos maiores e mais fanáticos corinthianos que já conheci, quero externar nessa crônica a importância do Tatu marido, pai, avô e o funcionário público que soube extrair da boemia um lugar raro, onde se podia desfrutar de momentos inesquecíveis. Foi ali na “Toca do Tatu” onde pude presenciar glórias infinitas do time do povo. Embates que culminaram em lágrimas e sorrisos. Um “templo alvinegro”. Da queda para a série B em 2007 ao titulo da Libertadores em 2012, jogo do timão era no bar do Tatu. Com seu jeito todo peculiar, muitas vezes temperamental, tatu era puro “corinthianísmo”. Incorporava esse sentimento de forma austera, mas com uma fidelidade incondicional. Um dia antes da final no dia 4 de julho, o vi ali na entrada de seu bar. Passei de ônibus e, numa troca de olhares instantânea, nos cumprimentamos serrando os punhos num silêncio que parecia dizer “vai curintia!” Exatamente quatro dias após a histórica conquista da América, m

Carta ao meu amigo sociólogo

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Você tem razão. Acho mesmo que amor não se mede. Vejo que o que acontece ao corinthiano em relação aos demais torcedores é um “conflito de sentimentos”. Parece que confundem “amor e paixão” com “fidelidade”. E isso vem mesmo desde aquela época escura onde o time do povo ficou sem vencer um campeonato por 23 anos. Foi ali que, devido à fidelidade, a torcida aumentou desvairadamente. A lendária "invasão" ao Maracanã em 1976 ilustrou isso e alavancou essa fidelidade, transformando o feito em uma data histórica. Isso propõe dois dilemas: é possível amar sem ser fiel? Há fidelidade sem amor? Acho que isso transcende esse conflito que eu enxergo e que muitas vezes soa mal interpretado por colegas corinthianos. Pra aumentar esse pejorativo de fidelidade, sempre acontece do Corinthians fazer gols espíritas, no crepúsculo de partidas, o que faz muito torcedor achar que algo “de outro mundo” acontece só com a gente. E se ele não ficasse ali, torcendo até o final, a bola em questão

Corre, corre...

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Depois de trabalhar a tarde toda, um desses agentes do correio voltava cansado pra casa e, por descuido, acabou por passar em frente a um bar onde fanáticos corinthianos já se embebedavam esperando aquela decisão memorável da noite. Nem por isso ele não se deteve ao fato de que seu uniforme "amarelo e azul" eram as cores do time do Boca Júniors, o que fez com que alguns dos que bebiam desferissem alguns palavrões pra ele. Na confusão, outros dois elementos do bando acabou por sair correndo atrás do nobre carteiro pra resolver aquela infâmia no braço. Ele só fez correr, pois não ia dar tempo de explicar que era um simples carteiro devidamente uniformizado indo descansar depois de um dia inteiro de labuta e nem que era também um corinthiano como os outros dali. Já não são mais somente os cães que fazem nossos carteiros correr hoje em dia por aí...

...Devolve meu São Jorge!

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Noite mal dormida, resolvi saltar para a realidade do dia quando nem eram seis horas da matina. Dentre tarefas matinais habituais impostas pelo acaso, já ia programando a libertação e seu roteiro pelos bares da província dentro da cabeça. Ganhando a rua, logo percebo que tudo em volta exala a decisão. Costumeiramente, desço a rua sagrada do velho cemitério e já vou logo evocando os saudosos “sofredores” dali. Enumero todos eles na mente pedindo proteção. Depois, entro no lugar eterno pra ter uma conversa com a saudosa corinthiana Dona Celeste Caetano. De longe já vejo suas irmãs solenemente vestidas para o jogo na noite... Entre olhares enevoados, nos abraçamos fazendo da certeza uma fonte inesgotável de energia que transpira confiança. Sinto Dona Celeste nos espiando, parecendo querer desafiar a matemática do tempo e estar ali fisicamente. A força do etéreo transcende. Depois, pelas ruas o assunto predomina. Todos falam do mesmo assunto. Em todos os cantos, olhares e vozes era n

Além muro

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Empolga a razão. Supre a realidade. Ilude a esperança de uma "acontecência" que não desata os nós pare materializar-se. Num júbilo desencontro, a energia transcende para além dos muros. Ainda posso ver-te a iluminar o irradiado dia. Te vejo na figura de um anjo de mármore que escurece silenciosamente pelo limo do tempo, apoiado na sombra irreal desta saudade costumeira, desentendida e amarga. É somente o alvo de um olhar que não mais encontro e perturba o meu índice de aceitação. Ainda bem que tua imagem ainda brota deste eu eloquente que tenta aprisionar o muito do pouco que restou...

Encanto

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Meu olhar te devora num desejo que vem de dentro pra fora...

Dia Mundial contra o Tabaco

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Era um fumante. Gostava muito de fumar aquele antigo cigarro "Luiz XV". Hoje mora esquecido no Cemitério Municipal "Pio XII". Ele não era o primeiro, nem seria o último...

O silêncio de Deus

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O polêmico escritor posta o seguinte na sua página do Facebook: “Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta adentro Dizendo-me, Aqui estou!”... De repente, ouve-se uma, duas, três batidas na porta. O escritor, entretido procurando seu pacote de bolachas recheadas que sumira, pergunta: “Quem é?”... O que se segue depois disso é um enorme e cortante silêncio. Deus, faminto na noite, não podia responder, pois estava com a boca cheia...

Amparado

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Confiava tanto num amuleto que tinha, que atravessava as ruas sem nem olhar pros lados. Trocou o amuleto por uma muleta estes dias atrás...

Fábula de interesses

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"Beije-me princesa", disse em meio ao coaxar um sapo à beira de uma lagoa. A princesa, alheia a presença do réptil, respondeu sem pestanejar: "Até parece... Não me interesso por sapos"... Ao sapo restou a solidão. Teve que deixar de lado o interesse pela perereca dela...

Eterno palhaço

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Foi num tempo em que o circo ficava onde se traçou a Avenida Monumental. Nas matinês, esperava sempre por duas atrações incríveis: o elefante fazendo acrobacias e os palhaços, que supriam o lugar debaixo da lona de risos. O circo ia e voltava numa frequência ignorada para o menino que fui. Bebendo dessa água, eis que com o tempo, um dos palhaços ficaria por definitivo na cidade. Dizia não ter mais bagagem pra acompanhar o circo. E por aqui foi ficando, ficando... deixou de ser palhaço. Na fila do banco em Guaratinguetá, de longe conheci aquela figura. Meio despojado de luxo, humildemente passivo diante da fila de idosos formada em sua frente, pois era dia de pagamento de aposentadorias e benefícios. Bigode amarelado pela nicotina constante, barba por fazer. Olhos levemente vermelhos. “Boa tarde, por acaso o senhor não era aquele palhaço que vinha sempre com o circo na cidade de Aparecida?” “Meu filho, que memória. Sou eu mesmo. Você se lembra?” ... E passou a me contar de suas idas e v

Exceção

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Para um bêbado socialista não há dúvida de que "o único americano que presta" é o copo...

Conclusões

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O dia a dia constrói lembranças que refletem a saudade depois do acontecido. Mastiga o tempo a realidade do fato de não ter mais nada vivido...

Mãe, minha Senhora!

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É ela. Alguém que diante de tanta realidade, supre os sonhos e que, diante deles, decifra-nos o apelo imperceptível da vida que busca a incessante conduta de felicidade. Mãe é aquela que assume a luta de um pai ausente pelo acaso da vida e que dispõe do riso afastando a lágrima mais insistente. Apascenta o humor maleável sustentando todas as vontades cabíveis e impossíveis de quem a redeia. Inspira pelos atos e por simples ações, seja varrendo as nevoas da manhã, remendando na máquina de costura os retalhos de sua velha e vasta sabedoria ou quarando a brancura da vida no varal. Uma Mãe duplica a atenção diante da existência se tornando avó. Supera seu próprio tempo tornando-se bisavó. Ignora as diferenças, desconhece o que maltrata e não dorme. Mãe simplesmente repousa pensando nos afazeres de amanhã. Por ser mulher resgata disciplinas gastas pelo próprio uso. Por ser Mãe, desafia códigos mastigados pelo tempo. E a noite, quando todos dormem, passeia pela casa preocupada com as janelas

Raízes aparecidenses

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O ano era 1996. Era ano eleitoral. Nessa época eu namorava uma menina que morava em Caraguatatuba, a Daniela Santana. Garota de uma família grande, apesar de ser filha única. A agitação pelas eleições daquele ano era intensa. Ainda mais que uma tia da Dani, a Dona Dalva, uma mulher de estatura baixa mas com enorme personalidade, era candidata a vereadora na cidade. Um pouco antes da eleição, eu fui para Caraguatatuba passar um final de semana com minha namorada. Assim que cheguei, fomos direto a um comício por perto da casa dela que ficava no Bairro do Porto Novo. Bandeiras, música, carros de som e eu no meio... Depois do comício, fomos todos a uma aniversário de uma criança onde o churrasco rolou solto regado a muita cerveja. No meio da festa, eis que chega o candidato a prefeito de Caraguatatuba, o senhor José Bourabeby. Eu sabia que ele era de Aparecida e seu irmão Alfredo Bourabeby foi prefeito daqui. Mas o que eu não sabia era que toda a família de minha namorada era à favor do ou

Cronologia

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Lúcio Mauro Dias 1973 - Nasce o autor em Aparecida aos 8 de janeiro, quinto filho do fotógrafo Joaquim Dias e de Dona Maria Borges Dias 1979 - Tem sua primeira perda significativa no falecimento de seu avô paterno, José Pedro, o qual lhe apresentou os primeiros clássicos da literatura infantil 1980 - É matriculado no primeiro ano primário na Escola Estadual de Primeiro Grau Prefeito Solon Pereira em Aparecida 1984 - Pela primeira vez na vida arranja um emprego e vai ser ajudante em uma fabriqueta de peças de gesso na rua de sua casa 1987 - Por intermédio de seu pai, funcionário da Editora Santuário, tem publicado em algumas edições do Jornal Santuário “tirinhas” bem humoradas na seção de entretenimento 1988 - Começa a trabalhar no comércio de Aparecida em uma loja de artigos religiosos 1989 - Vence um concurso que escolhe o escudo da Escola Solon Pereira em Aparecida 1990 - Completa o colegial e tem uma referida frase de sua autoria impressa no convit

Valores

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É andando pelas ruas que entendemos a necessidade das pessoas em se manifestar deixando mais que provado que a comunicação é a necessidade primeira de todo ser humano, seja nas artes, na música, na fotografia, na escrita ou na dança. Dentro disso, infelizmente viemos numa poluição sonora sufocante. E de uns tempos pra cá, notamos também uma poluição visual fora do contexto. Pensei muito nisso até que encontro um desses "flayers" de um forró em que estava escrito em letras destacadas: "OS FODAS DO BRASIL". Lia-se ao lado o nome da dupla sertaneja e mais embaixo o nome do forró: "SANTA FÉ". Depois, dentro do ônibus visualizo um letreiro de uma loja de roupas cujo nome do estabelecimento era:"SANTA LUXÚRIA". No outro dia também vejo um "out dor" no caminho do trabalho escrito: "ESCAPULÁRIO", onde dois dragões compunham o logotipo da loja em questão. Dias depois, lendo um jornal da localidade, encontro a seguinte propaganda: "

Os mestres no limiar do tempo

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O domingo nublado não trazia consigo ainda o friozinho típico do outono. Os romeiros iam e vinham adentrando a igreja velha de Aparecida, coordenados por um guarda de azul na entrada do templo. Em meio a tanta gente, de longe não foi difícil enxergar os dois fotógrafos conversando... Aproximei-me como quem já o conhecia de longa data. O professor Nelson Chinalia estava entrevistando o antigo retratista Toninho Minaier parecendo estar em “transe” com as velhas estórias do retratista. Nelson havia vindo de Campinas até Aparecida somente pra ver se “tirava” do velho fotógrafo informações que pudessem esclarecer o fato das velhas máquinas tripé lambe-lambe terem desaparecido. Substituídas pela novidade da Polaroid, as máquinas lambe-lambe sucumbiram diante da falta de material usado para a elaboração das fotografias em preto e branco. Postais de 9x12 cm. “Depois da Polaroid, passamos a usar essas máquinas do Paraguai de filme 35 mm. Daí pra máquina digital foi rápido. Eu mesmo vendi a minh