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Mostrando postagens de 2017

Escultor

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Uma vez, quis ser escultor. Achava magnífico aquilo. Começou então a fazer pequenas esculturas em pedras de sabão. O ofício ia bem até o dia em que esculpiu a forma de uma mulher nua num sabonete. Perdeu as contas de quantos banhos tomou até ela desaparecer...

Dias melhores pra sempre!

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E já vem de longe a mania de associar o corinthiano às mazelas humanas. O ladrão é corinthiano. O descamisado, sem dentes na boca. O preto, o pobre. São as mais notórias representações do torcedor do Corínthians. A sociedade tende mesmo a excluir o indivíduo, recortando-o a partir das diferenças sociais. “Corinthiano é vagabundo!” “Onde já se viu colocar 32 mil pessoas para assistir um treino?” “Bando de desocupados!” Era sábado. Dia guardado pra descanso como diz a bíblia. E o corinthiano segue acreditando em dias melhores. Sofrendo o diabo em cada esquina, em cada emprego, em cada boteco da vida afora onde a cachaça fica amarga demais pra gente voltar a sorrir. E agora esse tal de Whatsaap... Mas com o passar do tempo, o torcedor corinthiano acabou por incorporar o rótulo de “sofredor” cantando e agradecendo a Deus por isso. A torcida descobriu que o sofrimento tem a astúcia de levar além. Para o corinthiano uma partida de futebol não começa apenas quando o juiz apita.

Fidelidade Revelada

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Além da alegria do lançamento do novo Livro Os Guardiões da Santa – Outras histórias – o ano de 2017 foi coroado com mais uma Conquista Literária, quando meu conto “Fidelidade Revelada” obteve o Primeiro Lugar no XXVIII Concurso de Contos da Biblioteca Municipal de Aparecida.  O Tetracampeonato de 2017 veio somar glórias às conquistas dos Primeiros Lugares em 2005, 2009 e 2014, aos Segundos Lugares de 2006, 2013 e 2015 e aos Terceiros Lugares de 2008 e 2011. Na íntegra, o conto vencedor de 2017: Fidelidade Revelada Contam que o poeta Manuel Bandeira certa vez esteve em Aparecida. Chegou de trem na estação, vindo de São Paulo. Bem de frente ao  Colegião , deu sinal para o bonde parar. Queria subir até a praça da basílica velha. Havia escutado falar sobre uma técnica que os retratistas desenvolveram em revelar uma fotografia que pudesse juntar duas pessoas no mesmo postal, mesmo se uma delas estivesse ali ou não. Era uma técnica inventada pelos mais notórios fotóg

Lançamento do Livro Os Guardiões da Santa - Outras Histórias

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Dia 15 de Setembro, na Antiga Estação Ferroviária de Aparecida. Compareçam!!!

Resistência

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Antes que a escuridão batesse à porta, examinou bem as trancas. As janelas já estavam bem fechadas. Por ali não entraria. O portão, já revestido pelo escuro da rua, estava receoso, tentando acreditar na força enferrujada de um velho cadeado. Mesmo assim, era quase certo, por ali não passaria. As portas fechadas dos bares ilustravam o quão preocupante e nefasto era o momento. As escolas foram todas fechadas para que ali não entrasse. Aquilo jamais deveria apoderar-se daquelas mentes inocentes. " Na igreja ele não ousaria ", pensou-se. Mas a fé nessa ideia era vã e as portas do templo também foram trancadas. As luzes dos postes, há muito tempo apagadas, iam colaborando com o breu. Pela escuridão seria difícil aquilo encontrar qualquer lugar para adentrar. A emergência estava às escuras. Ninguém curou ou foi curado. Nenhum carro imprimiu a velocidade na noite. Tudo estava propenso ao desarme. Seria difícil aquilo transpor uma barreira de ideais.   O andarilho ainda

As ruínas da nossa História (02)

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Sobrado da Família do Comendador Salgado, na Praça NS Aparecida Patrimônio histórico arquitetônico é qualquer edificação que represente parte da história local de uma cidade. Construções que de alguma forma representam ou trazem em suas características pistas sobre o lugar e de seus habitantes. Representação da materialização da cultura de uma localidade. Não somente as demolições, mas o abandono de prédios antigos, também é a extinção de verdadeiras testemunhas da história local que fazem a importante ligação entre a população e sua identidade cultural. A partir da antiga Basílica surgiram as primeiras construções, pertencentes às famílias mais importantes da “ Capella d’Apparecida ”. Na Praça Nossa Senhora Aparecida sobraram alguns poucos prédios de arquitetura histórica que seria muito importante lembrar: no atual prédio do Hotel das Famílias, que fica no canto, bem atrás da Basílica Velha, foi a residência da Família de Raphael Guarino; Um Sobrado á esquina do Boulevard

As ruínas da nossa história (01)

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Pior do que as sombras que escurecem parte do patrimônio de um lugar é o descaso que deixa em ruínas e põe abaixo a História. Um caso passado quase despercebido à época foi a demolição de um enorme casarão que ficava na antiga Praça Kennedy, local onde hoje acontece a feira livre. Segundo informações, este casarão era de propriedade da Fabrica de Papel Nossa Senhora Aparecida. Outra cicatriz que também ficou foi a demolição da Casa dos Barretos, que ficava na Rua Barão do Rio Branco, símbolo de uma família de músicos e heróis. O museólogo César Maia, ainda teve a perspicácia em recolher, com familiares, duas maçanetas antigas de louça que hoje estão expostas no quase esquecido Museu José Luiz Pasin. Há poucos dias, a notícia da iminente demolição do antigo prédio que há 88 anos abriga o conhecido Hotel Recreio, na Praça Nossa Senhora Aparecida, fez surgir uma dileta discussão sobre o Tombamento de alguns prédios históricos. Num rápido, mas importante levantamento do amigo