Dá licença poética...


...Quanto tempo por ali,
revestido de história,
refeito de instantes.
Quanto tempo sozinho,
poeirento e febril,
dados compulsivos de solidão.
Perco-me em vastas palavras,
em paredes caiadas,
abstratas lembranças.
O pai que não voltou,
a voz que não saiu.
O esmero guardado
em anéis de ouro.
O amor que chegou na hora exata
registrada pelo coração.
Quanto tempo escurecido,
sem cores, sem vida.
Torpe desgaste de impacto.
Desenhos são retratos
que da memória derramam
a percepção iludida.
Desenho então tudo
que não posso escrever.
Reescrevo aquilo
que já não desenho mais.
Sonhos são hastes
por onde carrego
vontades escondidas.
Lidas as linhas
em desalinho de mim.
Parte influente que me protege.
Livres palavras que descrevem
esta prisão indefinida...

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