Tombado pela memória.
Velho casarão na esquina da vida, instalado laico perto da igreja vazia.
Quantas vezes por imponência, pôde segredar o ouro dos pensamentos e Bandeiras.
Porão esquecido, por onde luzes de ordem iluminaram os sonhos
que hoje repousam guardando relíquias de antes.
Vastos salões, quase imperiais, assim como deve ser a vida.
Amplo quintal, formas vivas de crianças de época.
Com árvores diversas assim como as cores desbotadas na aquarela da memória.
Velho casarão, estímulo primaz da existência que canta a paisagem
que marca a beleza do espaço. Do homem que sonha partido pela fugaz realidade,
mas que insiste embrenhado nos acordes do tempo
que traduz num violino imaginário vozes de anjos.
Casarão de muitas janelas, tanto quanto suas donzelas expostas aos versos do seresteiro vagabundo. De quartos imensos, tanto quanto foram os ideais de civis em revolta pela paz
e de coronéis que iam tecendo em segredo seus próprios jazigos.
Casarão de telhados altos, aproximando-se de Deus.
Com portas trancadas por chaves vigiadas pelo bedel da história sem fim.
Velho casarão, por insistência do tempo, refaz um incrível momento.
Recria as frestas por onde capta o brilho do sol, a lua defasada de poesia
e as estrelas salpicando de esperança os olhos livres do escravo.
Brinda com os velhos os centenários anos do amor.
Velho casarão, mais velho e vasto é o coração que insiste e segue
desprendido da saga da vida e exposto ao impacto de antigas lembranças.
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