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Mostrando postagens de dezembro, 2010

A esperança no palhaço

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Heitor já andava estressado com tudo. Também pudera: com os exames do mês passado, descobriu que seu filho caçula estava com um tipo raro de câncer. Na empresa, Heitor sempre foi simpático com todos. Tudo mudara com a doença do filho, inclusive sua relação com a esposa. Ela via o casamento ruir aos poucos. Projetava algo que pudesse mudar aquela silenciosa relação mas a forma “seca” de Heitor botava tudo a perder. Há muito ele sequer esboçava um sorriso. Num dia, Heitor aguardava numa sala da empresa junto de outros colegas o presidente daquele império que convocara aquela reunião em carater emergencial. Na televisão passava o horário político, onde um candidato chamou a atenção de todos. Um “palhaço” pedia que votassem nele dizendo que “pior que estava, não ia ficar”. “Este ainda está arriscado a ganhar”, disse um. “ e seus votos vão puxar aquele outro que estava envolvido no mensalão”. Diante daquilo, Heitor deu um sorriso irônico, dizendo que “se o palhaço fosse eleito, o circo esta

Aparecida, 82 anos de Emancipação Política/Administrativa 1928-2010

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O movimento pró-emancipação de Aparecida remonta ao século XIX, com uma frustrada tentativa de criação do Município de Aparecida. Em 1895 foi apresentado à câmara de Guaratinguetá um projeto para a criação do municipio. Em setembro deste ano a câmara recebeu um ofício da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior pedindo informações e minuciosos esclarecimentos do povoado em vista a solicitação dos respectivos habitantes. Houve ainda um outro movimento frustrado em 1898. Na ata de 16 de dezembro de 1895 da câmara de Guaratinguetá consta: “Considerando as condições topográficas, a inexistência de prédio para a cadeia e casa da câmara e além da proximidade que se encontra a povoação de Aparecida a cidade de Guaratinguetá e que há toda facilidade de comunicação pela estrada de ferro e já pela estrada de rodagem em que sua extensão não excede a 3 quilômetros, não há nenhuma conveniência na criação do municíupio de Aparecida ”. O processo de emancipação 1924/1928 é uma continuida

Glória, o Anjo.

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O que dignifica a existência de uma pessoa passa sempre pela hombridade de seus gestos. Sua história vai além de sua existência, onde seu tempo parece se instalar numa espécie de pacto com os dias. ...Foi na tarde daquele mesmo dia de agosto, que depois escureceu de repente, que a busquei entre as páginas de um livro que me deste de presente no início da primavera passada: “Vintém de cobre”, de Cora Coralina. Livro com valor de moeda de ouro. Poesia das mais diretas que tenho lido e amado. Poética simples daquela feiticeira dos versos enraizada lá no doce e distante Goiás Velho. Remetido àquele nosso tempo, onde ensinava minhas lições primárias usando frases de efeito, salpiquei de lembranças férteis minha saudade. Era sabedoria alinhavada com amor. E eu a visualizava como a pessoa mais importante, que entretanto, não carecia de posses. Era assim rica apenas de coração. Resistiu como uma verdadeira heroína às batalhas contra os preconceitos, onde as cicatrizes se arrastaram como testem

Amigas secretas.

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Elas se demoraram num primeiro olhar tentando tirar da boca da outra fiapos grudados entre os dentes de mangas surrupiadas no quintal de uma casa da rua onde moravam. Aquilo foi uma espécie de sinal. Entre tanta coisa ensinada naquela comunidade, menina não podia beijar outra menina na boca. E elas nunca usavam como arumento o fato de sempre ter visto os moleques escondidos num frenético “troca-troca” juvenil. O sentimento entre as duas era um segredo inviolável. Foi na escada da igreja numa noite de chuva forte que se beijaram pela primeira vez. Todo mundo desconfiava em vê-las sempre juntas pra cima e pra baixo. Estilo masculino de uma. Nem tanto da outra. Foram aprender com a vida que o homossexualismo era uma ilha cercada de ignorantes preconceituosos por todos os lados. Viajavam sempre que podiam e se hospedavam na mesma pousada de Bertioga. Foi lá, regado o consciente de muito vinho, que assumiram um compromisso mútuo que durariam pra sempre. Aquele Natal Suelen passaria na casa

Eternamente juntos.

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Estou parado em frente a Banca de Jornal do Júlio em busca de alguma notícia interessante nos jornais dependurados. Naquela manhã de sábado, tento me aproximar de uma pessoa cujo escritos me chamavam a atenção pela forma de como ele era fiel às suas lembranças e mantinha um respeito visceral aos seus velhos amigos. Vejo que o fato de sermos “colegas” nas páginas deste jornal e de outros em tempos passados, poderia naturalmente nos aproximar. Isso foi o suficiente para sustentar meu cumprimento diante daquele “mito” do jornalismo e da política aparecidense. A distância estava superada. Depois da saudação, falamos de coisas banais até o momento em que nossa literatura nos uniu como nas páginas. Eu era um aprendiz. Ele, muito mais experiente, convidava-me a olhar tudo com outros olhos. Dizia que “para se obter algum sucesso, é preciso falar das pessoas”. “Escrever sobre polêmicas deixa no caminho muitas pedras a se remover e isso, aliado a certas vaidades, só fazem do escritor um outro ti

Entrega o jogo!

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O clima e o “cheiro” do Natal já percorria as narinas mais sensíveis à época. Tonho não podia comer carne de porco porque tinha gota. Só que naquele Natal ia fazer diferente: fazia tempo que não comia uma leitoa assada e nem se esbaldava mais bebendo vinho e cerveja. A culpa era da gota. Além do mais, estava apreensivo com o final do campeonato que poderia render ao coringão mais uma taça. Tinha esperança que tudo pudesse dar certo nos últimos jogos. Tonho estava com palpite e decidiu então encomendar com Seu Jorge do açougue ¼ de leitoa para a ceia daquele natal que se aproximava. Todo mundo sabia, inclusive a polícia, que a um quarteirão do açougue do Seu Jorge, num cortiço, Seu Arlindo, um palmeirense fanático e já meio caduco, fazia jogo de bicho. Era seu ganha pão pra compensar a defasada aposentadoria. Tonho foi de carro então junto de seu filho encomendar a leitoa que já rondava o pensamento e enchia-lhe a boca de água. Passando em frente ao cortiço do Seu Arlindo,Tonho pa