O dia em que a Embaixada perdeu.


Não foi exatamente na minha época, mas os carnavais de antigamente em Aparecida, contam os mais velhos, era uma disputa digna de documentário.
O Escama de Ouro, Império Simão Miné, Dragões Imperiais e a Embaixada do Samba acabaram um dia, mas escreveram na história do carnaval um capítulo esplendoroso, culminando num dos maiores carnavais do Vale do Paraíba naqueles áureos tempos.
E no carnaval é assim: nossas economias somem dos bolsos em pouco tempo, tamanha a “bebedeira” que a gente apronta pra ficar mais à vontade, esperando que as cinzas nos salvem depois.
Num desses carnavais de “vacas magras”, meu amigo “corinthiano” Ângelo Reginaldo, um entusiasta apaixonado pelo carnaval em todas as suas manifestações, reuniu alguns funcionários da fábrica do seu Célio para “desfilar” pela Embaixada do Morro em Guaratinguetá. Além de poder “brincar” na avenida, a “cervejada” estava garantida e quem sabe, depois da “vitória” da Embaixada, poderia rolar até um “extra” pra turma poder beber mais nos outros dias de folia.
Lá pelas cinco da tarde, parou um caminhão em frente a fábrica lá na Santa Rita pra buscar os “componentes” da escola, que já estavam devidamente uniformizados com a camisa do “Embaixadão”. O Maguila, O Loro, o Dinho, Dito, Monzala e o Bina, entre outros.
No caminho foi uma farra. Chegando em Guará, encontraram o Reginaldo que foi logo providenciando uma cervejinha pra galera ir “esquentando” a turbina pra empurrar os carros alegóricos durante todo o desfile da Embaixada.
A galera já estava mais pra lá do que pra cá quando a bateria nota dez da Embaixada do Morro começou a tocar na concentração. Emoções a flor da pele. O coração pulsando forte como o “treme-terra”. Começa o desfile da “campeã”...
Um “mundaréu” de gente vestida de vermelho e branco flutuando pela majestosa na avenida.
Tudo seguia conforme o previsto quando a nossa turma, “embriagada” pela cerveja e pela emoção, começou a esquecer de controlar os carros alegóricos que iam de um lado para o outro da avenida, fazendo um desalinhado “zigue-zague” e bagunçando toda harmonia daquela ala da escola. E pra piorar, quando foram passando em frente aos jurados, começaram a pedir “nota dez” com as mãos. Uma vergonha que no dia da apuração uma rádio de Guará destacou numa longa critica a escola.
Depois do “fracasso” na avenida, os “irresponsáveis” deram no pé, com medo de encontrar com o Reginaldo na dispersão do desfile. Não foi fácil escutar o Reginaldo xingando depois. Mas tudo foi virando uma grande piada com o tempo. Só que ele nunca mais arriscou em levar gente pra empurrar carro alegórico na avenida.
Hoje, a Embaixada do Morro é imbatível no carnaval de Guaratinguetá. Mas aquele carnaval ela não foi capaz de vencer, deixando os apaixonados pela escola sem saber a verdadeira identidade dos “irresponsáveis” por aquele episódio que custou alguns pontos na apuração.
Um segredo que o amigo Ângelo Reginaldo guarda a sete chaves até hoje dentro da sua vasta memória carnavalesca...

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