Eternamente Phumbika.


Ao longo do tempo os homens sempre buscaram escapar da realidade para emergir sonhos, decisões ou até mesmo disfarçar o instante como se fosse um esquecimento. Buscaram lugares épicos, específicos, sagrados ou profanos.
Há lugares de energia inesgotável onde o tempo parece parar. Lugares onde gerações se perfilam criando identidade distinta. Permanecendo na memória do espaço com extrema simpatia ou com torcida para que se retire logo.
Há lugares de paz e lugares de guerra. De conflitos humanos e entendimentos de outro mundo. De inconformismo ou aceitação. Amadorismo e glória incontestável.
Lugares de encontros e despedidas. De superação e angústia. De manobras políticas e ações reacionárias contra tudo que se parece arcaico. De mulheres bonitas e outras nem tanto. De romances e alguns inevitáveis confrontos. Espertos e ingênuos. De sabedoria e ignorância, cultura e bairrismo. De estilos e indiferenças. De festa e solidão. Lugares que pouco representa e muito se difere. De grupos ou de sozinhos. Aconchegante dentro de sua amplitude e simplicidade. De miscigenados e globalizados. De humanos acima de tudo.
Casais apaixonados, alterados etílicos, tribos, músicas e comuns. De acordes e de vozes que ficaram pra trás. De amigos partindo pra nunca mais e de outros chegando pra ficar. Flutuantes e fiéis. Anônimos e conhecidos. Eleitores e candidatos. Elitistas e periféricos. Graduados e aprendizes. Lugar onde todos se conhecem, pois ás vezes, o lugar é o mesmo. Um sendo tantos. Único sendo vários.
Escape, reduto. Impoluto, envolvente. Insuperável. “Saideira” estação desse trem chamado “gandaia”.
Ao longo da história o homem buscou escapar da terrível realidade para se emergir. “Nas tavernas do tempo encontrou-se em si. Nos botecos de outrora passou a viver. Nos barzinhos da vida pôs-se a cantar. No Phumbika aprendeu a existir”.
É ali que a inquietude de alguns completa o silêncio de outros. Que palavras se fazem azuis no breu de uma noite. Lugar de infinito encontro e aprazível delírio. De crepúsculos desenhando a aurora dos dias que nunca se acabam. De sonhos desdenhando a realidade. Um espaço que consegue articular certos momentos desse mundo que flutua no universo plantado por Deus.
De quadros ou de gravuras escondidas nas paredes do tempo. De sua simpatia ímpar e sincera mesmo diante dos mais austeros momentos. De sua superação que o transformou num monumento municipal instalado numa via federal.
A sua resistência é apenas um estágio que abre asas rumo à posteridade dentro de nossas melhores lembranças. Isso é com certeza requerer parte de nossos melhores momentos vividos. O seu tempo de existência, num exemplo clássico, já se faz histórico, demonstrando grandeza incomum.
Cada cerveja servida, seja ela no balcão ou nas mesas, descortina essa grandeza e seus efeitos. Cabe então a cada “porre” de investimento no instante realçar nossa sensibilidade para perceber e compreender também todos os enredos e pormenores desse inesquecível lugar. Uma partícula do eterno de infinitas coisas que nunca terão fim...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O chifre

Americanização

Os 90 anos do Cemitério Santa Rita em Aparecida