O cheiro da política.


Há muito tempo já dizem que “o poder é doce”, contrariando o odor que a política em si exala.
Antigamente os candidatos tinham atitudes bastante peculiares para agregar votos. Depois da emancipação de Aparecida, por aqui, os políticos faziam de quase tudo para se perpetuar no poder. Traziam políticos influentes e importantes para ajudar nas campanhas eleitorais em épocas diversas.
Quem não se lembra do metalúrgico Lula fazendo comício num caminhão em baixo da prefeitura? E o Jânio Quadros distribuindo broches de “vassourinhas” pelas calçadas da Rua 1º de Maio onde ficava o diretório do PTB? Ou o Dr. Ulisses Guimarães descendo a ladeira da prefeitura nos braços do povo aparecidense? E o FHC inaugurando o Centro de Apoio ao Romeiro em 98?
Eu mesmo uma vez tive o prazer de apertar a mão do Brizola bem na entrada da Rádio Aparecida quando o polêmico político fazia campanha para presidente da república. Naquela época eu ainda nem votava. Era apenas um moleque curioso. Hoje, o ex-ministro da República Cardoso Alves é meu vizinho ali na Santa Rita e muita gente aqui ainda vota no Maluf por “tudo” que ele fez para a cidade como se esse “tudo” não fosse obrigação dele.
Em uma época distante, o ex-governador do estado Ademar de Barros sempre vinha até Aparecida ajudar na campanha de alguns políticos. O governador ficou marcado também pelas suas famosas gafes e não somente pelo poder influente na política.
Quem não se lembra dos votos de cabresto e dos votos de currais? O eleitor era praticamente obrigado a votar em determinado candidato forçado pelo poder de coronéis da época. Mais tarde, certos candidatos começaram a prometer pares de sapato em troca do voto. Era entregue ao cidadão apenas um dos pés. Se o político fosse realmente eleito, automaticamente poderia ir buscar o outro pé. Com o passar do tempo, oferecer alguma coisa ao eleitor em época de eleição foi proibido onde surgiram comitês de ética para fiscalizar.
Mas sempre tem algum político que continua fazendo “doações” às escondidas. No entanto, nada é provado quanto a isso. Não se sabe como nem o porquê.
O recadastramento do título de eleitor em Aparecida deveu-se ao fato de que alguns políticos foram acusados de trazer pessoas de outras cidades não somente para ajudar na campanha, mas também para votar aqui. A história virou notícia na época. O número de eleitores diminuiu misteriosamente depois.
Aparecida também teve certa vez um candidato que apesar de ter sido o mais votado entre todos, não assumiu o posto de prefeito. O subterfúgio da “legenda partidária” não permitiu que a vontade popular se materializasse no exercício do poder. Coisas da política brasileira.
Mas talvez o fato mais marcante nesse folclore foi quando um candidato trouxe algumas pessoas influentes para subir no palanque durante seus comícios.
Falando cada “coronel” a seu modo, o último acabou tirando risos e mais risos dos presentes quando com extrema simplicidade disse:
“-Vim aqui na paricida do norte para pedir que vocês votem no meu cumpadre aqui. Eu não sou votante, mas “troço” pra que ele ganhe”.
O candidato em questão não foi eleito. Seus poucos votos naquela eleição não “cheiraram” nem “federam”...

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