Os 150 Anos da Fotografia em Aparecida - 1868/2018


O termo “photógrafhu” foi empregado pela primeira vez no Brasil em 1834 quando a introdução da fotografia ocorria em razão do crescimento econômico gerado pela expansão da lavoura cafeeira. Isso, aliado ao fato da implantação de estradas de ferro, propicia o desenvolvimento dos centros urbanos.
Era no Vale do Paraíba, em meados do século XIX, que vinha a maior quantidade de café, concentrando grande parte da riqueza brasileira. Nas cidades do interior os fotógrafos se caracterizavam por sua mobilidade à procura de mercado.
Luiz Robin e Valentin Favreau foram os primeiros que em 1868, vindos de Paris, transferiram seus ateliês para Guaratinguetá. Nos versos de suas fotografias havia um carimbo onde também estava gravado “Apparecida”.
Em 1869 eles tiveram permissão do vigário para retratar a verdadeira Imagem de Aparecida, o que se pode confirmar no Jornal Correio Paulistano de janeiro de 1884.
O aumento das romarias em Aparecida e a inauguração da estrada de ferro levaram também outros fotógrafos para a região, como Jerônimo Bessa, Ernesto Félix e Domingos Bello, todos com atelier em Aparecida no final do século XIX.
Domingos Bello terá como seu sucessor o fotógrafo Benedicto Costa que inicialmente tinha seu atelier fotográfico junto ao ponto final do bonde, atrás da Igreja Velha, transferindo-se depois para a Rua da Calçada em 1911.
O Jornal Folha de Apparecida de janeiro de 1905 traz um anúncio sobre o “atelier photográphico” de Augusto Monteiro. Estabelecido em Aparecida em 1902, na Rua Major Martiniano, o fotógrafo Emygdio Moreira também anuncia seus trabalhos em jornais da época.
Com o passar dos anos inúmeros profissionais da fotografia foram capazes de “brecar” o tempo por alguns instantes e fizeram das formas humanas o elo entre a arte e a devoção, praticando anonimamente no largo da Capella d’Apparecida o processo de eternizar momentos, criando novos sentidos no ofício e recriando aqueles instantes para a posteridade.
Em pesquisas da historiadora Teresa Barbosa Rezende, foi possível retirar do esquecimento outros nomes de fotógrafos que trabalharam em Aparecida em épocas distintas:
1896: Victor Sombonha e Ernesto Bueno da Silva; 1923: Benedicto José Gonçalves e Philomeno José da Silva; 1928: Augusto José de Siqueira Filho, Bechara Bouéri, Benedito Arantes Silva, Benedito Lauro de Moura, Gilberto Teixeira de Souza, Ignácio Bustamante, João Antônio de Oliveira Lima, João Bouéri, João Romão de Souza Pinto, José Benedito Alves Camargo, José Cyrillo Arantes, José Marques de Oliveira e Salomão Bouéri; 1936: Augusto Firmo de Melo, Benedito Pereira Rangel, Eurico Santos, Francisco Gabriel da Silva, Francisco Gomes, Francisco Gonçalves dos Santos, Gilberto Teixeira, Jorge Salomão, José Carlos Wendlling, José Francisco de Oliveira Filho, José Soares da Costa, Marcos Gonçalves dos Santos, Salem Chad, Nelson Mendes de Oliveira e Nicandro Dias Coelho; 1953: Benedito Arantes Pereira, Joaquim Pinto Barbosa e José Pereira da Costa.
Nos 150 anos das primeiras fotografias tiradas por profissionais do ofício em Aparecida, podemos, numa conta rápida, chegar a um número impressionante:

150 anos é igual a 1.800 meses. Vamos considerar que em cada mês, os fotógrafos trabalharam 8 dias (sábados e domingos): 1.800 meses x 8 dias de trabalho é igual a 14.400 dias trabalhados.
Supomos que em cada dia, um Fotógrafo tirou 30 fotografias em média: 14.400 x 30 é igual a 432.000 fotografias tiradas. Mas se multiplicarmos esse número por uma média de 50 Fotógrafos? 432.000 x 50 que é igual a nada mais, nada menos que 21.600.000 (vinte e um milhões e seiscentas mil fotografias) nos 150 anos de história.


Mágica atemporal que tenta conservar inexoravelmente o que nos é mais precioso. A arte da lembrança de rostos anônimos dispostos no cenário improvisado da velha Praça Nossa senhora Aparecida...


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