“Tous sont Charlie”
(Todos são Charlie)
O encontro
foi minuciosamente planejado dias depois que foram esgotados os 5 milhões de
exemplares da primeira edição do jornal marcado pela tragédia.
O cenário escolhido
foi uma antiga mesquita em ruínas. Pra eles, Maomé havia de guiar as esferas da
negociata.
Quatro deles
fortemente armados guardavam a entrada do templo.
Logo, um
Renault preto metálico chega bruscamente àquele destino. De dentro do veículo
surge um senhor forte e carrancudo, de terno preto, traços ocidentais,
carregando duas malas. Não houve cumprimento nenhum das partes.
Lá dentro o líder
estava ajoelhado. Como de costume, voltava-se para Meca, absorto a tudo em
volta. Mas outros dois deles observavam atentos.
Ele se
levantou batendo a poeira das vestes e se dirigiu ao homem de preto perguntando
com um francês pobre e ralo:
“Vous avez apporté a combine?”. Numa
livre tradução: “O senhor trouxe o
combinado?”
“Oui monsieur. Tout est lá au sein de ces
sacs...dix millions d’euros”...
(Sim senhor.
Está tudo dentro destas malas...dez milhões de euros...)
O calor
escorria escaldante em suor pelos rostos mesmo à sombra da mesquita sagrada.
Feito a
entrega, o homem de sotaque Francês olhou as ruínas do templo com desprezo.
Foi quando o
líder sussurrou ironicamente aos ouvidos daquele que saía:
“Merci monsieur. Pour leur dire que nous
sommes ègalement Charlie...”
(Obrigado
senhor. Diga a eles que nós também somos Charlie)
E o Renault
sumiu rapidamente entre a poeira daquele lugarejo deserto ao som de uma
assustadora rajada de metralhadora...