Os 95 Anos do Cemitério Santa Rita de Aparecida - 1921/2016 (Republicando)

Em atas do ano de 1843 o vereador Padre Israel Pereira dos Santos Castro sugere a “creação de um cemitério na freguesia d’Apparecida”. A Prefeitura de Guaratinguetá compra então neste mesmo ano um terreno localizado atrás da igreja velha, na antiga Rua Major Martiniano, atual Rua Vereador Oswaldo Elache. Local onde depois se ergueu o convento das Irmãs Carlistas.
Em 1852 o cemitério estava pronto e os sepultamentos deixaram de serem feitos na “Capella” ou em seu pátio. 
Em janeiro de 1893 uma representação da mesa administradora da Capela de Aparecida pede a remoção do cemitério daquela localidade para outro lugar. A existência do cemitério em Aparecida ainda é confirmada pelas atas de orçamentos fixados em 1908. 
Em 1913 a direção da Basílica Velha comunica que pretendia dar outra finalidade ao terreno onde se localizava o cemitério. Os interessados que tivessem parentes ali enterrados deveriam agilizar o transladar dos mesmos para o “cemitério novo”.
Em 1921 o cemitério “desceu” a Rua Major Martiniano e os mortos começaram a ser sepultados no Bairro de Santa Rita. 
Em 1922 houve concessão de verbas para as obras de aumento do cemitério. Neste ano também, através de um testamento do Sr. Gabriel Ribeiro de Souza, da cidade de Lorena, a quantia de 4:000$000 (Quatro Mil Réis), foi usada para a construção da capela do cemitério sagrada a São Miguel Arcanjo.
No ano de 1925 é aprovado orçamento de verba para o zelador do local.
Em 1929, o já emancipado município de Aparecida mostra no balancete da prefeitura o quadro de funcionários onde consta um zelador e um coveiro para serviços no cemitério.
O local cedido para se estabelecer o novo cemitério pertencia a Simão Marcelino de Oliveira, conhecido como Simão Miné, detentor de terras que formavam o Bairro dos Machados, mais tarde, Bairro de Santa Rita.
Os limites do terreno do Cemitério Santa Rita são as Ruas Santa Rita, Rua 1º de Maio, antes Rua do Pinhão, Rua Floriano Peixoto e Travessa Pedro Guarcino, antes limites das terras do Sr. Joaquim Israel (Joaquim Raé).
Houve em determinada época quatro entradas para o cemitério em cada uma dessas ruas, sendo que, a entrada pela Rua do Pinhão, um pátio da prefeitura usado para guardar carroças coletoras de lixo, era especialmente para traslados de corpos na intenção de não chamar a atenção dos transeuntes e a entrada que beirava a Via Dutra para escoamento de entulhos de obras e entrada de materiais de alvenaria. Há ainda o registro de uma entrada onde se localiza atualmente o centro de Saúde da Mulher.
Não há nos arquivos do Cemitério Santa Rita documentos ou livros que mostrem os primeiros registros de sepultamentos a partir da sua inauguração em 1921. O livro mais antigo de registros de óbitos encontrado data de 2 de janeiro de 1924, com termo de abertura assinado pelo Prefeito de Guaratinguetá Pedro Marcondes Leite. No mesmo termo consta ainda a assinatura do Prefeito de Aparecida Américo Alves Pereira Filho com data de 1º de abril de 1929.
Em 1948 o Prefeito eleito Américo Alves teve como maior problema resolver o esgotamento do cemitério Santa Rita. A solução encontrada foi a construção de túmulos verticais. Os famosos “gavetões” que se mostraram insuficientes foram construídos nos fundos do cemitério. 
Em 1952, uma das armas usadas pelo candidato Solon Pereira para se eleger foi acabar com esses gavetões.
Eleito, Solon Pereira derrubou a obra de seu antecessor Américo Alves e em 1953 o cemitério foi estendido até as margens da Via Dutra numa ampliação onde foi necessário desapropriar uma área de 1200 metros, adentrando a chácara do Sr. Joaquim Raé.
Na década de 1960, foram feitas instalações elétricas nas ruas centrais do Cemitério Santa Rita. Foi iluminada também a enorme cruz de madeira nos limites do muro. As lâmpadas estouravam facilmente devido ao aquecimento das velas e pela chuva, o que deixou a iluminação da cruz inviável. 
A área sagrada foi denominada “Cemitério de Santa Rita” no governo do Prefeito Solon Pereira, conforme a Lei Municipal Nº 617 de 22 de agosto de 1960.
Em 1984, por determinação do Prefeito Aristeu Vieira Vilela, o antigo muro de taipas foi derrubado para sanar a proliferação de escorpiões. Foi construído um novo muro de blocos de cimento mais alto, numa obra importante terminada já na administração do Prefeito Antonio Márcio de Siqueira, vice que assumiu a municipalidade depois do falecimento do Prefeito Aristeu.
Também no final da década de 1980, por determinação da vigilância sanitária, o necrotério do local passou a não mais receber corpos para eventuais autópsias ou reconhecimentos, sendo transladados para o novo IML em Guaratinguetá.
Em 1990, o Prefeito Cláudio Amador em sua administração colocou galinhas dentro do cemitério para tentar acabar com a grande quantidade de escorpiões e baratas no local. A idéia hilária não vingou, pois as penosas acabaram sendo “surrupiadas” por terceiros. Também em sua administração foram trocadas toda a fiação e lâmpadas do local.
Depois de algumas violações e profanações, e não encontrando um vigia disposto a trabalhar durante a noite dentro do cemitério, em 2003 o Prefeito José Luiz Rodrigues optou por colocar cães da raça Pit Bul para fazer a segurança do lugar. O fato virou manchete nacional e a prefeitura acabou recebendo inúmeros “currículos” e ligações de criadores proprietários de canis interessados em oferecer o serviço de seus cães para a municipalidade.
A capela de São Miguel Arcanjo, que ostenta ainda em sua torre a imagem de Santa Rita, foi reformada em 2008, onde recebeu vitrais, pisos e telhado novos. 
Estima-se que já foram sepultadas aproximadamente 30 mil pessoas no local que não comporta mais jazigos novos, já que ao longo de muito tempo foram também sepultados em Aparecida moradores de Potim e Roseira. Essa falta de espaço levou a Prefeitura de Aparecida em 2006 a estudar um projeto de lei regulamentando o aluguel de jazigos particulares a terceiros. A prefeitura teria a função de regulamentar os termos contratuais do aluguel. Neste período, os mortos desprovidos de túmulos particulares acabaram sendo enterrados em Guaratinguetá.
Em 2011 foi realizado um recadastramento entre possíveis donos de jazigos dos dois cemitérios de Aparecida para viabilizar a reforma dos túmulos abandonados e ceder a outras pessoas.
Descansam ali o Primeiro Prefeito de Aparecida, Américo Alves, o Comendador Vicente de Paulo Penido, os Mestres José Luiz Pasin, Benedicto Lourenço Barbosa e Conceição Borges Ribeiro, o Ministro da República Roberto Cardoso Alves e inúmeros aparecidenses ilustres, além de alguns Padres Redentoristas.
Em setembro de 2012 a cidade de Aparecida é surpreendida por um empreendimento ousado: para se traçar os cabos do bondinho que liga o “Morro das Pitas”, onde fica a Basílica Nova ao “Morro do Cruzeiro”, foi derrubada metade da Capela de São Miguel Arcanjo para a elevação de uma torre de sustentação do teleférico, ato que certa forma acabou manchando a perpétua história do velho Cemitério Santa Rita.








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