Eu vi um santo.
Era 4 de julho de 1980.
Naquele dia meus pais saíram bem cedo de casa.
Credenciados, eles ficariam num lugar especifico para assistir a missa celebrada pelo Papa. Papai conseguiu essas credenciais por trabalhar na Editora Santuário onde era repórter fotográfico do Jornal Santuário.
Eu, criança, continuei dormindo e sonhando com aquele grande dia onde nossa cidade iria receber o “João de Deus” que era cantado por todo povo.
Acordei radiante e ao mesmo tempo meio entristecido por não encontrá-los mais em casa. Eu teria que ficar sob os cuidados de uma vizinha naquele dia histórico.
Na hora combinada saímos rumo à Avenida Getúlio Vargas e paramos bem em frente à Rádio Aparecida. O povo se apertava na calçada bem atrás de um batalhão de soldados, que de mãos dadas, formavam um cordão. Pequeno, eu fiquei entre eles com a visão bem privilegiada diante da avenida.
Bandeirolas eram agitadas. O povo unia a fé ao instante elevando ainda mais a grandeza daquela manhã. Ele vinha “em missão de paz”, como dizia a música.
Logo o alvoroço aumentou. A notícia de que o “Servo de Deus” se aproximava levava a multidão ao delírio. O “empurra-empurra” me colocava ainda mais à frente do cordão de policiais que nem se preocupavam comigo. A vizinha de minha mãe também. Ela estava pelas pontas dos pés gritando e cantando feito uma maluca.
O carro do Papa se aproximou daquele lugar passando um tanto quanto apressado por nós. Eu consegui então vê-lo: Rosto de fisionomia forte e bem corado, acenando sorridente para todos os lados possíveis.
O carro, tendo aquelas motos Amazonas como batedores, seguiu até a rotatória que fica em baixo da passarela e virou pra entrar no pátio da Basílica. Em sua homenagem, a esplanada onde ele celebrou a missa recebeu o nome de Papa João Paulo II.
Após a missa de Sagração do Altar, o Papa fez a consagração à Nossa Senhora Aparecida e deu a bênção final com a imagem original de Nossa Senhora Aparecida. Ao final da celebração, João Paulo II surpreendeu a todos ao informar que concedia à nova Igreja o título de Basílica Menor, consagrando a Basílica como o maior Santuário Mariano do mundo e revigorou a fé do povo brasileiro em Nossa Senhora Aparecida, ao conceder ao Santuário Nacional o título de “Casa da Mãe de Deus”.
Em 2004, ano do centenário da coroação da Santa Aparecida, o Santuário Nacional recebeu um decreto do Papa João Paulo II concedendo indulgências a todas as pessoas que participarem de peregrinações, missas e orações naquele ano do Centenário da Coroação da Padroeira do Brasil dentro do Santuário Mariano de Aparecida e em todas as igrejas ou oratórios sob o título de Virgem Aparecida situados dentro dos limites do Brasil. Em junho deste mesmo ano, o hoje Cardeal Raymundo Damasceno, em visita a Roma, presenteou o Papa João Paulo II com uma réplica perfeita da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
O polonês Karol Josef Wojtyla, eleito Papa em 1978 e que liderou a Igreja Católica Romana por 26 anos faleceu em 02 de abril de 2005.
Logo após esta data o Santuário de Aparecida resumiu em uma exposição toda a história da visita do Papa João Paulo II à Basílica Nacional de Aparecida que completava 25 anos reunindo fotografias e objetos usados pelo Papa, bem como os documentos emitidos pelo pontífice à igreja na ocasião da consagração da Basílica. Na mostra, os visitantes puderam ver a cadeira e a mesa que o pontífice usou no dia em que celebrou a missa em Aparecida e a caneta com a qual assinou o documento da consagração do templo.
No dia 1º de maio de 2011, seis anos apenas depois de sua morte, o Papa João Paulo II será beatificado pelo Papa Bento XVI no Vaticano em Roma. Um tempo recorde em todos os processos de beatificação da Igreja católica.
O mais carismático de todos os papas da história segue agora a passos largos rumo a sua canonização.
E pensar que o menino, naquele distante 1980, esteve tão perto de um Santo e sua inocência nem pôde perceber...
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