Despacho.
Morar na rua vizinha ao velho cemitério Santa Rita proporciona momentos eternos dignos de documentário. Um privilégio que a memória redesenha por anos perpetuando o imaginário como forma sublime de rotular a saudade de um tempo. A movimentação naquela manhã afetou o cotidiano com impacto. Também pudera: bem no pequeno portão que dava passagem aos restos que vinham do cemitério, uma senhora mulata, toda vestida de branco, espalhava pela calçada em frente seus apetrechos totalmente alheia ao burburinho de quem passava. Alguns, atrasados para a expansão de suas necessidades, olhavam atônitos o desenrolar da velha senhora diante de seu oficio incomum para àquela hora da manhã. Velhas beatas, espiando pelas janelas, repetiam solenemente o sinal da cruz diante daquela cena. Uma delas debruçou-se ao parapeito colocando uma imagem de santo para que o gesso abençoado protegesse a casa de alguma forma. A fumaça dos charutos espalhados pelo chão subia ao céu sem nenhuma culpa indiferente às palav...