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Mostrando postagens de 2010

A esperança no palhaço

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Heitor já andava estressado com tudo. Também pudera: com os exames do mês passado, descobriu que seu filho caçula estava com um tipo raro de câncer. Na empresa, Heitor sempre foi simpático com todos. Tudo mudara com a doença do filho, inclusive sua relação com a esposa. Ela via o casamento ruir aos poucos. Projetava algo que pudesse mudar aquela silenciosa relação mas a forma “seca” de Heitor botava tudo a perder. Há muito ele sequer esboçava um sorriso. Num dia, Heitor aguardava numa sala da empresa junto de outros colegas o presidente daquele império que convocara aquela reunião em carater emergencial. Na televisão passava o horário político, onde um candidato chamou a atenção de todos. Um “palhaço” pedia que votassem nele dizendo que “pior que estava, não ia ficar”. “Este ainda está arriscado a ganhar”, disse um. “ e seus votos vão puxar aquele outro que estava envolvido no mensalão”. Diante daquilo, Heitor deu um sorriso irônico, dizendo que “se o palhaço fosse eleito, o circo esta...

Aparecida, 82 anos de Emancipação Política/Administrativa 1928-2010

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O movimento pró-emancipação de Aparecida remonta ao século XIX, com uma frustrada tentativa de criação do Município de Aparecida. Em 1895 foi apresentado à câmara de Guaratinguetá um projeto para a criação do municipio. Em setembro deste ano a câmara recebeu um ofício da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior pedindo informações e minuciosos esclarecimentos do povoado em vista a solicitação dos respectivos habitantes. Houve ainda um outro movimento frustrado em 1898. Na ata de 16 de dezembro de 1895 da câmara de Guaratinguetá consta: “Considerando as condições topográficas, a inexistência de prédio para a cadeia e casa da câmara e além da proximidade que se encontra a povoação de Aparecida a cidade de Guaratinguetá e que há toda facilidade de comunicação pela estrada de ferro e já pela estrada de rodagem em que sua extensão não excede a 3 quilômetros, não há nenhuma conveniência na criação do municíupio de Aparecida ”. O processo de emancipação 1924/1928 é uma continuida...

Glória, o Anjo.

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O que dignifica a existência de uma pessoa passa sempre pela hombridade de seus gestos. Sua história vai além de sua existência, onde seu tempo parece se instalar numa espécie de pacto com os dias. ...Foi na tarde daquele mesmo dia de agosto, que depois escureceu de repente, que a busquei entre as páginas de um livro que me deste de presente no início da primavera passada: “Vintém de cobre”, de Cora Coralina. Livro com valor de moeda de ouro. Poesia das mais diretas que tenho lido e amado. Poética simples daquela feiticeira dos versos enraizada lá no doce e distante Goiás Velho. Remetido àquele nosso tempo, onde ensinava minhas lições primárias usando frases de efeito, salpiquei de lembranças férteis minha saudade. Era sabedoria alinhavada com amor. E eu a visualizava como a pessoa mais importante, que entretanto, não carecia de posses. Era assim rica apenas de coração. Resistiu como uma verdadeira heroína às batalhas contra os preconceitos, onde as cicatrizes se arrastaram como testem...

Amigas secretas.

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Elas se demoraram num primeiro olhar tentando tirar da boca da outra fiapos grudados entre os dentes de mangas surrupiadas no quintal de uma casa da rua onde moravam. Aquilo foi uma espécie de sinal. Entre tanta coisa ensinada naquela comunidade, menina não podia beijar outra menina na boca. E elas nunca usavam como arumento o fato de sempre ter visto os moleques escondidos num frenético “troca-troca” juvenil. O sentimento entre as duas era um segredo inviolável. Foi na escada da igreja numa noite de chuva forte que se beijaram pela primeira vez. Todo mundo desconfiava em vê-las sempre juntas pra cima e pra baixo. Estilo masculino de uma. Nem tanto da outra. Foram aprender com a vida que o homossexualismo era uma ilha cercada de ignorantes preconceituosos por todos os lados. Viajavam sempre que podiam e se hospedavam na mesma pousada de Bertioga. Foi lá, regado o consciente de muito vinho, que assumiram um compromisso mútuo que durariam pra sempre. Aquele Natal Suelen passaria na casa ...

Eternamente juntos.

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Estou parado em frente a Banca de Jornal do Júlio em busca de alguma notícia interessante nos jornais dependurados. Naquela manhã de sábado, tento me aproximar de uma pessoa cujo escritos me chamavam a atenção pela forma de como ele era fiel às suas lembranças e mantinha um respeito visceral aos seus velhos amigos. Vejo que o fato de sermos “colegas” nas páginas deste jornal e de outros em tempos passados, poderia naturalmente nos aproximar. Isso foi o suficiente para sustentar meu cumprimento diante daquele “mito” do jornalismo e da política aparecidense. A distância estava superada. Depois da saudação, falamos de coisas banais até o momento em que nossa literatura nos uniu como nas páginas. Eu era um aprendiz. Ele, muito mais experiente, convidava-me a olhar tudo com outros olhos. Dizia que “para se obter algum sucesso, é preciso falar das pessoas”. “Escrever sobre polêmicas deixa no caminho muitas pedras a se remover e isso, aliado a certas vaidades, só fazem do escritor um outro ti...

Entrega o jogo!

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O clima e o “cheiro” do Natal já percorria as narinas mais sensíveis à época. Tonho não podia comer carne de porco porque tinha gota. Só que naquele Natal ia fazer diferente: fazia tempo que não comia uma leitoa assada e nem se esbaldava mais bebendo vinho e cerveja. A culpa era da gota. Além do mais, estava apreensivo com o final do campeonato que poderia render ao coringão mais uma taça. Tinha esperança que tudo pudesse dar certo nos últimos jogos. Tonho estava com palpite e decidiu então encomendar com Seu Jorge do açougue ¼ de leitoa para a ceia daquele natal que se aproximava. Todo mundo sabia, inclusive a polícia, que a um quarteirão do açougue do Seu Jorge, num cortiço, Seu Arlindo, um palmeirense fanático e já meio caduco, fazia jogo de bicho. Era seu ganha pão pra compensar a defasada aposentadoria. Tonho foi de carro então junto de seu filho encomendar a leitoa que já rondava o pensamento e enchia-lhe a boca de água. Passando em frente ao cortiço do Seu Arlindo,Tonho pa...

Melhor idade

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Ele era uma festa. Cabelos grisalhos, verdadeiro galã. Nos bailes da terceira idade ninguém fazia mais sucesso. Todas, sem exceção, queriam dançar com o maior “pé de valsa”. E ele não deixava nenhuma delas sem dar uma volta pelo salão, flutuando pelo poder de sua dança. Um dia, por força do destino ou mais pelo infarto do peito cansado, subiu aos céus. Em seu velório, por ser muito querido e conhecido, muitas coroas de flores de um lado esperando pelo murcho tempo da história. Do lado oposto, outras coroas desoladas, já sentindo saudades dos seus passos no salão vazio...

Volta da luz.

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A parede caiada, novelada com teias aracnídeas, já não sutentam seu retrato. Ele perdeu-se na imensidão vazia da casa sem deixar vestígio que pudesse mapear um encontro pelos cômodos. Seu retrato perdeu-se. Pela manhã, quando pássaros imprimem a liberdade pelo céu, contesto esse desterro. Seu retrato em preto e branco era pregado por punho forte de martelo pesado, não ia se desprender assim. As voltas dos ponteiros do relógio que ficou vai trazendo o dia e clareando o escuro. Mofos de estranhas lembranças precisam lamber o sol. A janela se livra da proteção da velha tramela carunchada. Os raios vão penetrando nesse abismo e tocam a parede à altura do prego fincado, sangrando um sangue imaginário. Essa luz me faz atento pensando que de repente, por ironia de Deus, que também é gente, que seu retrato voltou à parede...

Noções de eternidade

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Uma fita k7 com minha voz recitando poesias do caderno. Meus livretes na estante. Um desenho meu num quadro na parede. A árvore que plantei dando sombra no quintal. Um filho germinando no ventre do amor maior. Você comigo no pensamento. Não. Morrer não é o fim. Meus retratos em branco e preto colorem a nítida impressão deste sempre...

San Tomé.

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Verbo ver. Enxergar para crer.

Extinta

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Lápide apagada. Escrita a lápis não durou nada.

Longo velório

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Funesto de um dia. O carro da funerária foi para a funilaria.

Sedução

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O baton na borda da taça transborda esse tom de ameaça.

Lembrança.

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Uma saudade dura. Teu retrato na moldura.

Tecnologia

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A fita breve nada deve ao dvd.

Amputação

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Se movendo sem um membro depois do onze de setembro.

Incompleto

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O aborto é um declíve. Um sentido morto de quem ainda vive.

100 anos de glórias mil.

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A ausência "daquela" taça em meio ao calendário não ofuscou a nobre raça do grande Time Centenário...

Futebol moleque

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Chuta a bola de primeira. A bola ro o o o o o o o ola na ladeira...

Dois lados.

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No vai e vem do estilingue, o pensamento me embaça. Nada ainda me distingue. Não sou pedra, nem vidraça.

Tempo.

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Sem sentido a hora passa num instante de ameaça. Estampido de um momento que o ponteiro acha graça.

Mulher impossível.

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Madrugada escura que me prende. Cabelos negros que se soltam. Escuridão que surpeende. Sonhos idos que não voltam...

Ressaca poética.

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De dia, a queimação do sol. De noite, a azia da lua vazia. De repente, o céu vomita estrelas...

Luta pelo breu.

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A estrela brilha cheia de ciúme do pisca pisca incessante do solitário vaga lume.

Cardíaco.

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Coronária vertente, sem safena nem estética. Ainda vai sofrer um infarto inspirado essa minha veia poética.

Expediente.

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Folhas amarelecidas voavam na calçada em frente, suavizando o sono do velho gari desatento, que disputava com a vassoura quem era o mais dormente, enquanto os ponteiros davam voltas pelo tempo.

Poeta inseto.

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Na madrugada o pensamento voa atrás de inspiração sem precisar de asa. Diferente das baratas em silêncio procurando migalhas na escuridão da casa.

Pequena coragem.

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Por sua teia invisível a aranha lentamente desce sem ter medo do perigo do vasto chão que desconhece.

Amor secreto.

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Aquilo que suponho, muita vezes a mente esquece. Te quero presa num sonho. Sonho nunca envelhece.

Crepúsculo.

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Quando o sol cai lentamente por detrás do muro, a inspiração clareia as palavras no solitário quarto escuro.

Desterro.

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Parte de mim desceu a rua e com a enxurrada foi embora. Entra logo minha saudade que outra chuva não demora.

Indiscutível.

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A ação do óbvio é o que mais intriga e torna tudo verdadeiro. Assim como sempre vai haver uma formiga passeando ao lado do açucareiro.

Via Dutra.

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O barulho que trafega pela estrada do meu sono é o mesmo que alegra minha noite de abandono.

Bem e mal.

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Em defesa desta plenitude que verseja, Deus imprime a vida neste sol fantástico que se agiganta rachando mamonas da perseguição às minhas costas enquanto escrevo. A noite, enquanto dormi, Ele bailava entre estrelas e assinava em segredo meus sonhos inspirados da inconsciência. Ele se apossa desta proteção fazendo-me amassar o pão que o diabo comeu dando socos em seu estômago. Sua maior angústia é fazer crer que não existe. Ao contrário de Deus que dá provas a todo instante de que está em tudo e muitos não crêem nele. Mesmo assim ele não pára, se reinventando no ar que nunca se vê. Tenta imitá-lo a persistência do diabo que ainda chora de dor depois de vomitar parte de sua maldade enraizada.

Peru.

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Gorjeia a ave presa inconsciente do final onde vai ser a realeza de uma ceia de natal.

Papai.

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Os pilares que sustentam minha saudade somente sua imagem é capaz de derrubar.

Escravo.

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Como um subalterno, viro refém de palavras guardadas a sete chaves nas linhas de um caderno.

Sem verso.

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Latifúndios de palavras improdutivas esperando que pela poética sejam invadidas.

Angra 3

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A nação assiste atônita a construção da estação atômica.

Ladrão.

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Se apanhar vai ser bonito. Não está apto para empunhar o apito.

Hálito.

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Frag mento lyptus: Meu drops caiu ao chão.

D'outro lado.

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A morte é fria. Pálida paisagem que guia à outra margem.

Aves da manhã.

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Cai num vôo em rodopio. Sem nem um pio, pula do galho, pra num desafio, bicar o milho sem acordar o espantalho.

Pedido.

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Destino cego nos leva e não avisa. Ilumine Senhor o chão por onde minh’alma pisa.

Três formas.

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O presente obscuro já se desenha cansado conscinete que no futuro não será mais que passado.

Andanças.

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Amor caminheiro instalou-se no coração. Correu pelo pensamento andou as linhas da mão.

Abrigo.

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A chuva molha o pensamento como um todo. Escapa ilesa a lembrança sob um toldo.

Contínua ação.

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Indícios da mesma trama: Obama caçando Osama.

Apelo.

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Estrelas: algemas que prendem os olhos na noite. Desprendam de mim essa saudade açoite.

Visita.

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Na noite escura, a janela aberta pra rua, deixa entrar o clarão da lua.