Carnaval com segurança
Foi por
volta das oito da noite que ela desembarcou, vinda de Guará: Linda, perfumada,
mas reclamando de algo inusitado...
Ela tinha
ido ao Bairro de São Bento, em Guaratinguetá, resolver uns assuntos de
trabalho. Na volta, no ponto do ônibus, notou um cidadão a encarando.
Quando o ônibus
chegou, com todos subindo, ela por último, sentiu uma “mão boba” passando em
suas nádegas. A reação da menina foi instantânea: virou e deu um soco bem na
fuça do engraçadinho, o mesmo que minutos antes estava a encarando. Foi só
sangue que desceu do nariz do idiota. Vendo a cena, já dentro do ônibus, todos
a parabenizaram pela ação, sem aqui querendo fazer apologia à violência.
E foi de um
dedo da sua mão direita que ela reclamava. Ele inchou devido à pancada
desferida no delinquente.
E fomos parar no bar do saudoso Ditão, ali na Avenida Monumental.
Nesse dia de
folia estava tendo ali na avenida um desfile para se escolher a rainha Gay do
carnaval. Muita gente, muito barulho.
Sentamos então
em uma mesa do bar e pedimos uma cerveja pra entrar no clima. A gelada desceu maravilhosamente
redonda. Um clima perfeito de festa.
Eu fiquei então
sentado de frente pro bar, ela de frente pra avenida.
Depois de
alguns minutos, a Bernadete me chama mais perto dela e me diz:
-Tem um cara na mesa atrás de você me encarando.
Nossa, hoje tá difícil lidar com esses idiotas viu...
A minha
reação foi bem tranquila. Carnaval é isso mesmo, disse a ela. Mas ainda lhe dei
uma dica:
-Olha querida, quando for assim, use a
cabeça, saia de onde você está, troque de lugar comigo e segue a folia. Não precisa
nem me falar. Numa dessa, de repente, eu posso ter bebido demais e acaba
acontecendo uma confusão. E olha o tamanho do cidadão... Perigoso eu levar até
um “sapeca iaiá” dele...
Ela bebeu um
gole de cerveja, olhou pra mim com certa autoridade e ternura e me disse:
-Fica tranquilo meu amor, hoje ninguém coloca
a mão em você...
Eu me senti
tão seguro depois dessa que até pedi outra cerveja. Aquele dedo inchado me
proporcionava isso.
E depois de
virar minha segurança, ela acabou virando meu porto seguro.
E hoje
vivemos felizes a folia da nossa colombina Larissa...