Aparecida Antiga e os piratas virtuais

A fotografia começou a ser usada pelos jornais diários em 1904 com um atraso de mais de vinte anos em relação às revistas ilustradas.
Depois disso, o fotojornalismo começou a apresentar problemas éticos nas edições, cortes, manipulações e adulterações – inclusive montagens - mas nunca com tanta frequência como agora, resultados dos avanços tecnológicos, onde essa prática torna-se mais fácil e comum, interferindo na credibilidade da imagem.
Foi em 2010 que tive a ideia de criar o blog APARECIDA ANTIGA (aparecidaantiga11.blogspot.com.br), onde, paulatinamente, venho postando imagens históricas de Aparecida para apreciação de todos, além de disponibilizá-las para Downloads para que qualquer pessoa possa montar seu próprio acervo de imagens e assim mostrar para as gerações futuras a memória fotográfica do lugar, num magnífico bailar atemporal. Blog que já conta com quase 80 mil acessos.
Em 2012, essas imagens foram sendo publicadas mensalmente na extinta Revista Sinal Verde de Guaratinguetá, sempre com o respaldo da Jornalista Talíta Miranda. Ranços passados, publicar fotografias de Aparecida numa revista de Guaratinguetá ainda não me satisfazia. Tinha que publicar aqui. Num jornal nativo da Terra da Padroeira do Brasil.
Com esse intuito, o camarada João Bosco Garcia ainda tentou publicar essas antigas fotos no Jornal Tranca & Gamela. Mas foram poucas suas publicações.
Esse garimpo, essa busca por imagens de Aparecida, fez surgir um arquivo digital com quase 12 mil fotografias que pode ser considerado o maior deste tipo já existente.
Tamanha facilidade acabou por desencadear a banalização dessas imagens históricas, principalmente no Facebook, onde conseguiram estragar a imagem em sua verdadeira essência. Seja pelo significado, pela estética ou pelo grau de informação nela contida.
Editaram sem conhecimento nenhum com legendas errôneas, além de colocarem iniciais nas imagens como se fossem seus donos.
O blog Aparecida Antiga passou então a ser “saqueado” por esses piratas de plantão que fizeram com que estes registros históricos ancorassem em créditos alheios, num exagero condenável.
As fotos compartilhadas têm apenas o intuito de documentar a história fotográfica de Aparecida, berço de grandes fotógrafos em todos os tempos.
São fragmentos de uma memória coletiva que devemos cuidar com responsabilidade.
Caso contrário, estaremos fadados à castração do nosso entendimento como fonte viva de informações dessa lembrança quase esquecida.



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