Ali...
Escrevo como se estivesse sempre ali,
no quintal da casa. Debaixo das árvores que meu avô plantara.
Raso de lágrimas escrevo como se ali o
tempo não passasse. Como se o horizonte, em cores ajustadas secretamente por
Deus, acendesse as estrelas.
Como se o vento soprasse lentamente zunindo,
dando voz a ausência.
Depois, os pés descalços, num glorioso
encontro com o chão, me levando ao alcance de antigas lembranças: a avó regando
avencas, despetalando rosas brancas que podiam curar o olhar. Redefinia-me
minha avó num sorriso.
O gostinho de barro na água lavando o âmago
de compor.
Escrevo a partir dali, de onde nunca
saí.
De onde cada palavra morde o silêncio
querendo espantar a saudade feito um cão vira lata...