Por decreto!
Artur Marques na década de 1980 |
Um pouco antes das eleições de 2010, o candidato a deputado federal
pelo PT, Carlos Zaratini, esteve reunido em Aparecida para angariar votos.
Não me lembro muito porque “cargas d’água” eu estava por lá,
participando daquele encontro político.
O presidente da câmara à época, vereador Harlei Diniz, me apresentou
como jornalista em face a minha colaboração e publicações neste quinzenal.
Num dado momento do encontro, eis que vem em minha direção o
jornalista Artur Marques, que com toda simpatia, estendeu-me a mão ao
cumprimento perguntando:
-Então você é o famoso Lúcio Mauro?
Legal te conhecer pessoalmente garoto. Sempre leio seus artigos...
Senti-me orgulhoso com tudo aquilo que ouvia daquele ícone do
jornalismo aparecidense.
Sem pestanejar, o Artur me disparou a seguinte frase. Na verdade um honroso
convite:
-Lúcio, me manda alguma coisa
pra gente publicar n’O Aparecida. Faço questão de dar um espaço a você no jornal...
Aquele convite ultrapassou minhas expectativas diante dele.
Depois de trocarmos e-mails e números de celular, entre outros assuntos,
acabei confessando ao Artur, com certa timidez que eu era “um jornalista sem
diploma”:
-Consegui meu MTB junto ao
Ministério do Trabalho. Entrei na brecha da lei no ano passado impulsionado
pelo Dito Lourenço...
A reação dele foi natural. A conversa seguiu como se fôssemos velhos
colegas de imprensa.
A publicação de um texto meu no Jornal O Aparecida aconteceu somente
em novembro de 2014, quando escrevi sobre os 130 anos da imprensa escrita em
Aparecida. Quatro anos após aquele convite. Mas a confiança do jornalista Artur
Marques também resistiu esse tempo.
Por essa oportunidade, pude recriar minha responsabilidade a partir do
momento em que ele me disse que “havia
peso naquilo que eu escrevia”.
Sempre com a chancela do Artur e do seu fiel escudeiro Rogério Braga,
fui ainda publicado algumas outras vezes no Jornal O Aparecida.
Depois que séria enfermidade acometeu o amigo Artur Marques, o jornal,
com 38 anos de circulação, chegou a seu final e não habitou mais as bancas de
revistas da cidade.
Naquela noite em 2010, no prédio da câmara de Aparecida, temi revelar
a ele que eu era um jornalista sem diploma. Mas ele, com toda sua experiência e
bom humor, me deixou bem à vontade quando me sentenciou em voz baixa e solene:
-Não se envergonhe disso não
Lúcio. Estamos no mesmo barco. Também sou um jornalista por decreto!...
E me deixou claro que a habilidade da escrita, seja ela registrada a
lápis, em jornais ou páginas virtuais, independe da teoria diplomada.
Quando se empresta coração e verdade no que se escreve, junto de
oportunidades emanadas de sensibilidade como a do jornalista Artur Marques,
tudo acaba se tornando Histórico.
Obrigado Artur.
Esteja em paz!