A voz
Meu pai Joaquim Dias nunca votou no Lula. Por conta disso, teve duas decepções homéricas quando votou no Collor e no FHC. O primeiro por ter confiscado alguns trocados dele e todas as poupanças do país já no segundo dia de seu mandato, em 1990. O segundo por ter chamado “todos os aposentados de vagabundos”, num tempo em que meu pai acabara de se aposentar depois de muita luta, no ano de 1992. Ele sempre dizia que “se o Lula ganhasse, não assumiria”. Na verdade, ele tinha receio daquele Lula metalúrgico, de extrema esquerda. Radical da extensão suprema da palavra. Meu pai infelizmente não teve tempo de rever suas teorias políticas e acompanhar a evolução do metalúrgico à presidência da república. Mas eu me lembro bem de meu pai indo ver o comício do metalúrgico Lula quando este esteve em Aparecida em meados de 1982 quando fazia campanha para o governo do estado. Improvisou um caminhão em baixo da prefeitura, bem em frente ao atual velório de Aparecida. Já com meu pai falecido e por cont...