As Bodas de Prata da Barbearia do Niquinho.


É lá no Salão Popular, na Barbearia do Niquinho, que os assuntos se afloram.
Assuntos variados que, automaticamente, são engolidos pelas mais tradicionais e predominantes das conversas: o futebol e a política.
Mas a Barbearia do Niquinho não é somente isso. É um lugar de valor histórico, onde o cotidiano se desenha no sentido de eternizar a historia do lugar, cravado na Rua Santa Rita, bem em frente ao cemitério velho.
Hoje a barbearia é ponto de referência até para se fechar um negócio tamanho o fluxo de pessoas que por lá passar ou ficam.
Panfletos de propaganda, jornais locais, revistas, avisos de compra e venda. É no Salão Popular que a gente encontra e reencontra a informação e a própria literatura urbana, seja por puro entretenimento ou para se concluir um fato, uma idéia ou uma revolta.
Chamar de “boa” a música que é ouvida por lá é uma redundância simplória. São centenas de CDs que incorporam a preferência alheia sem forçar os ouvidos, impondo gêneros. Hoje, na era do “pen drive”, a coletânea de sons ultrapassam o bom gosto e desembocam num fino e tranqüilo momento. É o instante em que o freguês deita na cadeira do barbeiro e esquece o mundo por um tempo impagável.
Isso tudo sem falar no mural histórico de fotografias que ficam expostas no local. Registros literais de pessoas que fizeram e fazem a história de Aparecida. As fotografias, estrategicamente escolhidas pelo grande fotografo Luizão Freitas e por outros tantos, captam a saudade de um tempo e ficam ali, expostas ao lume de suas importâncias.
Político que se preza tem seu santinho de campanha pregado nas paredes da barbearia. Um cantinho democrático. Ali, muitos se encorajam e revelam seus candidatos preferidos sem medo de represália, sejam eles candidatos manjados ou pára-quedistas de uma eleição só.
Se quiser “zoar” o torcedor do time que perdeu na rodada, a parada obrigatória é na Barbearia do Niquinho. Embora sabedor que a maioria some depois da derrota.
Mas quem continua lá firme e forte, independente da derrota ou da vitória, é o Nico.
São 25 anos de labuta comemorados em setembro onde o Niquinho vem mexendo com as cabeças mais pensantes da cidade. Com fidelidade no trato e na conversa. Com espírito e respeito diante de todos, sem distinção.
O Niquinho herdou a profissão de seu saudoso pai, o “seu” Dito Barbeiro. Perambulou pelas ruas Simplício Soares, 1º de maio e Santos Dumont. Mas marcou uma época áurea mesmo ali na Santa Rita, onde formou uma legendária dupla com o saudoso flamenguista Luiz Barbeiro.
Fazer parte desta história pra nós é poder se alegrar diante de uma amizade sem preço. Num mundo caótico, pessoas de bem estão escassas.
Não tem preço aliar a presença de pessoas assim a lugares que duram este tempo.
A amizade e o carisma do Niquinho barbeiro talvez sejam o segredo e a magia para que o Salão Popular supere os dias de sua existência e rume soberano ao segundo quarto de século de vida.
Parabéns Nico, sucesso hoje e sempre!



Foto: o futuro Prefeito Zé Louquinho já em campanha na Barbearia do Niquinho

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