A força do imaginário.


Foram laudas psicografadas que levaram o meu “eu” cético a desconfiar que, por de trás de muitas coincidências, havia sim algo muito forte naquelas palavras escritas a lápis que sem nenhum motivo iam descortinando passos do meu saudoso pai no dia em que ele se foi deste mundo. Coisas que alguém distante e desconhecido seria incapaz de saber sobre aquele distante dia 20 de maio de 1999. A curiosodade em conhecer mais sobre o Kardecismo ficou então aguçada depois disso.
Livros de Zíbia Gaspareto, sites na internet. Tudo que correspondia ao espiritismo era sorvido pela minha atenção de forma voraz. Comecei a entender que não somente um diamante dura para sempre. O poder da alma, sua sobrevivência pelo tempo, é infinita.
Os corredores escuros da Santa Casa de Aparecida onde eu trabalho causa na maioria das pessoas um poder imaginário sem proporções. Sempre tem alguém com medo de transitar sozinho pelos corredores e sem querer, encontrar algum vulto rebelando-se contra uma luz qualquer e sumindo escuridão adentro. Dizem que um médico já falecido muito famoso daqui sempre perambula pela noite da Santa Casa. Eu particularmente e infelizmente, nunca o vi.
Certa vez, alguns funcionários viram e falaram com uma mulher que, pelas carecterísticas descritas, não estava internada em nenhum setor do lugar e que sumiu misteriosamente depois.
Um cão vira lata, que em frente ao Pronto Socorro ficava latindo como um maluco em todo carro que passava, acabou sendo atropelado por um deles. Latindo de dor ele parou bem em frente ao Pronto Atendimento de forma imóvel. Derepente, mesmo mancando, entrou com toda rapidez para dentro do P.S. e ganhou a rampa que leva pra dentro da Santa Casa. Diz a crença Kardecista que quando as pessoas desencarnam, assumem outro corpo depois até sua missão estar totalmente cumprida. Reencarnam até mesmo em forma de animais. Quem seguiu o cão corredor adentro afim de expulsá-lo do lugar, se espantou quando o animal entrou direto no consultório do médico ortopedista. Entre algumas portas abertas, porque será que ele, que tinha uma pata machucada, entrou justamente na sala do ortopedista? Essa foi a pergunta que ecoou madrugada adentro.
Numa emergência, a enfermagem de plantão, tirou da ambulância um senhor agonizante, aparentemente sofrendo uma parada cardíaca. Sua esposa, serena, me acompanhou para que pudéssemos efetuar o prontuário de atendimento. Manobras sem nenhum êxito constataram o que era óbvio: o óbito.
Ainda de posse de uma serenidade impressionante, a esposa após afagar a fronte do desencarnado, saiu da sala de emergência, pois não queria atrapalhar os “vários estagiários” de branco que estavam dentro da sala, ao redor do morto.
Era 02:40 da manhã de um domingo, dia em que não há estágio no hospital. A equipe de enfermagem, que são dois, já estavam ocupados com outros enfermos nos leitos à frente.
Se dirigindo para a funerária em frente para resolver a triste burocracia daquele momento, a viúva deixou sem resposta quem quis saber quem eram os “estagiários” que instantes antes estavam ao redor do falecido.
Estórias que aos poucos vão sendo adotadas pelo esquecimento dos céticos de plantão.

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