Perdida no tempo...
Uma
das maiores buscas em todos os tempos entre historiadores a apreciadores da
história aparecidense tem sido a caça a uma imagem perdida no tempo que pudesse
mostrar o rosto de um dos mais importantes personagens da Terra da Padroeira do
Brasil: Simão Marcelino de Oliveira, mais conhecido por Simão Miné.
Conforme
narra o saudoso mestre Benedicto Lourenço Barbosa na edição número 53 do Jornal
O Lince de outubro de 2013, Simão Marcelino de Oliveira nasceu em
Pindamonhangaba aos 06 de agosto de 1852, filho de José Marcelino e Benedita de
Oliveira, falecendo aos 70 anos de idade em Aparecida aos 15 de outubro de 1923.
Segundo
informações colhidas, Simão Miné, pela data de seu nascimento, deve ter sido mais
um escravo doado para a Santa Aparecida como era o costume da época.
Outro
ponto dessa sua história ainda narra que Simão Miné foi um “negro ladino”, que amealhou fortuna
vendendo água aos romeiros que vinham de longe rezar aos pés da Santa. Consta que
ele foi detentor de muitas terras, principalmente as que formou todo o Bairro
de Santa Rita “dos Machados”, como era conhecido antigamente.
Em
1921, Aparecida necessitava de um outro local para se criar um novo cemitério. As
terras que possibilitaram a implantação deste novo campo santo foram doadas por
Simão Miné sem custo algum à época.
A
senhora Celeste dos Santos, neta de Simão Miné, hoje com 95 anos, confirmou num
relato que o avô também doou para a Matriz Basílica Velha um órgão musical para
acompanhar as missas acontecidas naquele templo.
Além
do trabalho de pesquisa do mestre Dito Lourenço, o nome de Simão Marcelino é
lembrado em apenas mais duas obras literárias lançadas em Aparecida.
No
livro “Pasin: 100 anos de uma Família Italiana
no Brasil 1888/1988”, à pagina 110, o autor José Luiz Pasin mostra uma nota
publicada no Jornal Santuário de Aparecida de 20 de abril de 1912 dizendo os
nomes dos membros que iam compor a Comissão da Festa de Santa Rita daquele ano:
“Para se fazer a Festa de Santa Rita dos
Machados no corrente ano, foi nomeada a seguinte comissão: Senhores Benedicto Júlio
Barreto, Benedicto Costa, Bento Dias Ferreira, Antônio Favorino dos Santos,
Vicente Pasin, João Lino, Juvenal Monteiro do Amaral e Simão Marcelino de
Oliveira”...
A
presença de Simão Miné em grandes acontecimentos é ainda lembrada no livro “O Santo, a Coroa e os Reis”, organizado
pelo professor Alexandre Lourenço Barbosa para a Festa de São Benedito dos reis
Maurílio Reis e Cidinha Leite Reis, em 2007.
Na
página 11 do livro está registrado que Simão Miné foi Rei da Festa em 1921:
“O livro Redentorista de Crônicas de 27 de
março deste ano comenta, à página 283, a festa promovida pelo casal de reis
Simão Marcelino de Oliveira e Romana Villar”...
Na
década de 1970, Simão Miné foi ainda homenageado como patrono de uma escola de
samba em Aparecida, com sede no Bairro de Santa Rita. O G.R.E.S. Império Simão
Miné era dirigido pelos amigos Zé Badú e Toninho Amaral, além dos saudosos
Fausto Ananias, Miro Elache e Neguito Bittencourt.
É
do dia 10 de dezembro de 1992 a Lei nº 2.454, do Prefeito José Benedito da
Silva, o Dico, que determina que “a próxima
via a ser aberta em nossa cidade seja denominada Rua Simão Marcelino de
Oliveira”. Lei que ainda não foi cumprida.
Imbuídos
neste resgate da memória e da importância deste ilustre personagem é que corre
os trâmites para se nomear a pequena praça/rotatória que fica em frente ao Cemitério
Pio XII, no final da Rua 1º de maio, como Praça Simão Marcelino de Oliveira.
Mas,
e a imagem de Simão Miné? Existe alguma fotografia dele?
O
Jornal Santuário de Aparecida começou suas atividades em 1900 e esteve à frente
de publicações mais relevantes. Vamos unir a isso o fato de Aparecida ter sido
um grande celeiro de “Photógraphos” que
estavam sempre engajados em registrar em imagens os principais acontecimentos entre
a década de 1910 e 1920, destacando a inauguração do cemitério Santa Rita em
1921. Assim, me asseguro a afirmar que existe sim algum retrato de Simão
Marcelino de Oliveira esquecido em algum lugar. A dificuldade bem maior é
encontrar alguém capaz de reconhecer sua imagem nessa suposta (e desejada)
fotografia.
Além
de vasculhar e analisar as fotografias do período usando a analogia em deduções,
comparações e até mesmo suposições, vai ser preciso um trabalho minucioso,
embora sem garantia nenhuma de êxito. Uma busca interessante e não menos
importante.
Um
mistério que pode ser capaz de correr outras gerações...