Rua da Saudade
Em atas
da Câmara de Guaratinguetá do ano de 1843, o então vereador
Padre Israel Pereira dos Santos Castro, sugere a “creação de um
cemitério na freguesia d’Apparecida”.
A
Prefeitura de Guaratinguetá compra neste mesmo ano um terreno localizado atrás
da igreja velha, na antiga Rua Major Martiniano.
Em 1852 o cemitério estava pronto e
os sepultamentos deixaram de serem feitos na “Capella” ou em seu pátio.
Em meados de 1913, a direção da Basílica Velha comunica que pretendia dar outra finalidade ao terreno onde se localizava o cemitério. Os interessados que tivessem parentes ali enterrados deveriam agilizar o transladar dos mesmos para o “cemitério novo”, que já estava em estudos avançados para ser criado.
Era numa tapera quase dentro do cemitério da Rua Major Martiniano que vivia o único coveiro daquele lugar santo, José Alfredo Pereira, popularmente chamado de Zé do Cemitério, que trabalhou por lá desde 1910.
Em meados de 1913, a direção da Basílica Velha comunica que pretendia dar outra finalidade ao terreno onde se localizava o cemitério. Os interessados que tivessem parentes ali enterrados deveriam agilizar o transladar dos mesmos para o “cemitério novo”, que já estava em estudos avançados para ser criado.
Era numa tapera quase dentro do cemitério da Rua Major Martiniano que vivia o único coveiro daquele lugar santo, José Alfredo Pereira, popularmente chamado de Zé do Cemitério, que trabalhou por lá desde 1910.
As
notícias da locomoção do cemitério dali já estavam tirando o sono do velho
coveiro há algumas semanas. Era ali que estavam sepultadas sua esposa e uma
filha. Um anjo que faleceu de gripe espanhola estando com apenas um ano de
idade.
Quase
setenta anos depois, em 1921, o
cemitério “desceu à rua de baixo” e os mortos começaram a ser sepultados na
Santa Rita. Já foi descrito neste jornal que o doador das terras que se formou
o cemitério Santa Rita foi o lendário Simão Marcelino de Oliveira, conhecido
por Simão Miné.
Contrariado,
veio junto aquele velho e cansado coveiro, mas agora com outros contratados
para dar conta dos serviços no novo terreno santo.
A estadia
dele no local durou bem pouco. Doente, foi afastado do serviço em 1924. E ficou
perambulando por ali silenciosamente, subindo e descendo a ladeira da Major
Martiniano.
Numa bela
manhã, subiu devagar a rua levando consigo um pedaço de madeira, martelo e
alguns enferrujados pregos.
No muro
que agora cercava o extinto terreno santo foi que ele pregou a madeira, uma
espécie de placa, onde estava escrito “Rua da Saudade”, que ficou ali, e acabou
determinando o nome do lugar por muitos anos.
Poucos dias
depois o velho Zé do Cemitério foi encontrado sem vida em seu casebre, sendo
enterrado numa das alas do cemitério Santa Rita.
Com o
passar do tempo, houve relatos de que, em noites de nevoeiros, viam um homem de
chapéu subir a antiga Rua da Saudade e desaparecer misteriosamente no breu da Rua
Major Martiniano.
No mesmo
terreno onde funcionou o primeiro cemitério de Aparecida, se ergueu o convento
das Irmãs Carlistas e o nome da rua passou a denominar-se Rua São Carlos,
sepultando de vez a história da antiga Rua da Saudade...