O observador
O silêncio do apartamento vazio denunciava uma fuga. Um bilhete grudado entre os ímãs da geladeira relatava a frieza das palavras. Junto, uma foto e uma pequena e estranha chave condicionavam mais desespero àquele desterro: “Ainda preciso que me dê provas de seu amor. Nessa minha última estadia em Paris, coloquei um cadeado com nossos nomes gravados nele. Ainda busco por você e não fui capaz de jogar a chave nas profundezas do Rio Sena. Se me ama mesmo como diz, busque, encontre e traga esse cadeado pra mim”... A fotografia deixada junto com o bilhete a mostrava na famosa Ponte d’Art, em Paris onde casais do mundo todo prometem mutuamente amor eterno trancando um cadeado na grade da ponte. Ele entrou em desespero. Passou horas e horas tentando entender onde poderia ter errado. Pelo cansaço, acabou dormindo em meio a foto e o bilhete rasgados em vários pedaços. No outro dia bem cedo, a primeira memória em sua cabeça era aquela que tentava solucionar aquela improvável e impos...