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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Foto colorida

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Fotografias coloridas artesanalmente Era domingo. Mesmo estando no início da quaresma, o movimento na Praça Nossa Senhora Aparecida já se desenhava com o vem e vai dos romeiros diante da igreja velha. Os antigos retratistas já entravam em disputa para laçar seus fregueses que pudessem eternizar a estadia ali, de frente para a basílica. Ficavam enfileirados oferecendo seus postais fotográficos. Encostado em sua velha tripé, o retratista Curimba se destacou entre os demais quando naquela manhã apareceu com uma placa feita de papelão onde estava escrito a oferta do serviço: “ Foto a cores ”. E dependurou a placa bem em frente à sua máquina. O ambiente de descontração da velha praça logo percebeu a novidade. Em menos de cinco minutos veio um xereta e, tentando tirar uma casquinha com o Curimba, perguntou com ironia: -Ô Curimba... é foto a cores ou foto em cores? Humildade e simplicidade eram as mais notórias qualidades desses retratistas. Sem saber o que r...

Os Apelidos Aparecidenses - Parte 4

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Chico Tampa O resgate dos apelidos aparecidenses foi oferecido a outro jornal antes de ganhar as páginas do Jornal O Aparecida. Mas o proprietário se acovardou pois “ não queria arrumar um processo publicando isso”. Foi numa cidade de Minas Gerais que houve um problema assim. Havia um indivíduo na cidade que era conhecido como João Brocha. Ele havia herdado o apelido do pai, conhecido como Zé Brocha. Isso porque ele havia sido um excelente pintor de paredes na redondeza. Mas o lado pejorativo incomodava tanto o tal João Brocha que ele acabou levando um conhecido para os tribunais pela insistência do cidadão em bradar sempre o “João Brocha” quando o apelidado passava. O juiz em questão acabou por arquivar o caso. O magistrado entendeu que não houve nenhuma espécie de “bullyng” ou difamação, mesmo porque foi provado que o apelido “brocha” era proveniente da profissão de pintor do saudoso pai de João, o Zé Brocha. A lista dos apelidos aparecidenses publicada em t...

Aquilo que não se vê

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Da janela vinha o barulho. Era o som do bloco que passava pela avenida em frente. Cores, brilhos, encenações de romances. Carnaval. Ele não sabia por onde andava aquela colombina. Amaram-se demais naquela única noite. Bêbados em êxtases e folia. Parecia um sonho. Ele estranhou o seu jeito baseado em fatos irreais. Por pura alegria foi e também deu umas tragadas naquela fúria de liberdade. Começou a rir perdido entre a fumaça. Amavam-se. Amaram-se. A cabeça rodava ainda plena de lantejoulas brilhantes e coloridas. Acordou sem mais vê-la. Levantou-se depressa. Tomou um banho. Achou estranho aquela seringa no cesto do banheiro. Pagou uma merréca pelo pernoite no hotelzinho barato. Onde ela andaria? Não a viu mais. Nunca mais. Um ano se passou. Ele trancafiado no leito do hospital na área de isolamento. Tarja vermelha na porta do quarto. O soro medicamentoso pingando lentamente pelo scalp, invadindo as veias. Fraco. Devastado pelo vírus....

Esquecimento

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“Querida. Temo não vê-la mais. O tratamento aqui neste lugar é terrível. Mal tenho forças para levantar-me de minha cama. Essas mal-traçadas linhas as escrevi deitado em meu leito. Moribundo de vida. Vida que suponho, está chegando ao fim. Não sei como pude permitir que me trouxessem pra cá. Me doparam. Me vi sem forças. Ainda guardo você na retina. Lembro de você na sacada. Não sei se chorava. Não sei se sorria. Também não sabia que esta distância duraria pra sempre. Deve ter passado, 30, 40 anos. Até mais. Sei lá. Isolado de tudo é que vemos que o inexorável tempo não existe. Mas pra mim dói como se fosse ontem. Tudo que sobrou foi essa saudade incontida. Pensamentos confusos. Hoje o gosto amargo na boca se confunde com os ungüentos que me dão. Os remédios que juram que vão me curar. Mas nada acontece. Sinto muito sono mas mal consigo sonhar. Não sei como você está. Se está casada, se teve outra família, filhos. Dói profundamente a maneira de como o destino...