Cara de bobo!
Longínquos
64 anos depois eu posso entender a frustração daquela derrota de 1950.
Longos 32
anos após a fatídica tarde no estádio Sarriá, eu posso compreender quando um
amigo nosso, o Carlos Cosme, ficou com vergonha de ir embora pra casa depois
que o escrete canarinho, o melhor futebol do mundo, foi derrotado pela Itália.
Ontem, eu
ainda saí de casa. Meio que sentindo ser um pouco o Carlos Cosme.
Vi ainda
bandeirolas nas sacadas dos prédios balançando ao léu. Parece que as pessoas
não tiveram nem mesmo coragem pra limpar a sacada.
Pela rua,
era notório, estávamos todos com cara de bobo.
Sabe quando
você tem uma última moeda e decide comprar aquele delicioso sorvete?
Com a
guloseima em seu poder, alguns passos depois, você se desequilibra e deixa o
bendito sorvete cair ao chão. Pois é. Foi assim que todo mundo se sentiu.
Sete é conta
de mentiroso.
E o Felipão
mentiu pra toda nação que tinha o time ideal pra se ganhar a copa.
Mentiu
descaradamente quando entrou com três atacantes ao invés de três volantes.
Três
atacantes que na verdade eram dois, pois o Fred conseguiu protagonizar o maior
fiasco de um camisa 9 numa copa.
Três
atacantes que na verdade parecia um, pois o Hulk não é jogador de seleção.
Deixou a gente verde de raiva e com o sorriso amarelo.
Foi tudo tão
rápido que não houve nem tempo de ficar com raiva. Até quem torce ou torceu
contra não achou a menor graça.
Agora, o
fantasma do Maracanazzo pode descansar em paz. Temos agora um fantasma novinho
em folha pra assombrar a nova geração. Como os profetas do contra previam não
houve mesmo copa. Não valeu.
Por ironia,
quem poderá nos fazer esquecer esta catástrofe é um alemão: o Alzheimer.
Mas vamos em
frente. Vamos projetar o futuro. Logo chega o carnaval. O futebol é, entre as
coisas desimportantes, apenas a mais importante.
Bola pra
frente porque, se a gente ficar aqui recuado, é bem possível que saia outro gol
da Alemanha...