O chamado.
Bem em frente ao portão do cemitério Senhor dos Passos em Guaratinguetá tem um orelhão que “vira e mexe” está recebendo uma ligação e toca por muito tempo sem que alguém o atenda.
Na mesma calçada, mais abaixo, onde é ponto de parada de ônibus, duas senhoras distintas esperavam pelo seu circular quando o tal orelhão começou a tocar desvairadamente. O diálogo entre as duas acabou me chamando a atenção:
-Comadre, que coisa mais estranha este orelhão tocando assim e bem na frente do cemitério. Será que alguém vai ter coragem de atender?
-Duvido comadre. Essas coisas me dão até arrepio. Eu não teria coragem não. Vai que é uma alma de outro mundo chamando por alguém...
-Cruz credo comadre, nem brinca com isso.
No mesmo instante, uma velha portando uma bengala que atravessou a rua bem devagar, acabou indo direto no orelhão atendê-lo. Ali, com o fone no ouvido, ficou por alguns minutos. Depois, colocou o fone no gancho e entrou direto no cemitério.
-Viu só comadre, eu disse, eu disse...
A outra, fazendo o sinal da cruz, ainda conseguiu balbuciar:
-Coitada dela comadre. Ela nem parecia que estava tão velha assim...
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