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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

O poderoso "sexo frágil"

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É impossível imaginar que o Brasil possa ser um dia o melhor país do mundo pra se viver sem confiar na capacidade de nossas mulheres. Elas são intenção e ação. Coragem e tenacidade, audácia sensível e destemor. Criatividade e competência. Um otimismo indestrutível as move, pois elas não tocam a vida simplesmente, mas tem uma missão. Seja no trabalho ou no lar. A arquitetura feminina é aquela que consegue cativar a espécie ultrapassada do homem comum o transportando para o infinito e o elevando a uma experiência essencial para que se supere diante do cotidiano, do tempo, da vida enfim. Mas a ilusória superioridade masculina nos tempos de hoje não deixa que a maioria dos homens considerados “modernos” aceite a eminente e importante inserção da mulher em inúmeros segmentos profissionais e informais do dia a dia. A velha e corroída estrutura machista, aliada a um arcaico orgulho, ainda consegue fazer com que a presença da mulher na sociedade não seja considerada um ganho incontestável para...

Histórias para ninar dragões

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A escrita minimalista de Wilson Gorj acaba se transformando num grande instrumento de sensibilização da alma humana. Em poucas linhas, suas palavras têm o dom de puxar as emoções e sentimentos mais internos da literatura contemporânea para mobilizar discussões sobre temas aparentemente invisíveis. Isso tudo além de resgatar o fazer mais puro da escrita. Coisa que acredito ser passível de transformação da literatura cotidiana ou particular. Quando penso nas formas que Gorj dá à escrita, entrevejo outra dimensão nas palavras que transformam o superficial para tornar lírico, sarcástico e humorado, fotografadas pelo seu olhar sensivelmente apurado, surpreendentemente radical e bonito. Escrita que incorpora e integra o leitor como “ator” das linhas nas páginas do livro. E atuamos não apenas para nos ver ali. Mas para nos perceber. E não somente para nos perceber, mas para compreendermo-nos. E nessa busca, refletir no brilho do olhar de um outro de nós. Lançamento dia 30 de março

Nunca será em vão...

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O desespero incomum do general acordara todo o palácio. Num pesadelo, ele acreditou que seu reino estava prestes a ser tomado. O inimigo se aproximava sorrateiramente. Ordenou que arriasse seu melhor cavalo. No entanto, foi o menos magro dos pangarés que mal conseguia sustentar o arreio e sela. Isso sem tirar que o pobre animal mancava de uma pata. Mesmo assim a ordem soou alto pelo reino. Ele queria que seu exército se posicionasse em revista e mandou que seu comandante elaborasse um plano emergencial para a guerrilha. De frente com uma dúzia e meia de soldados, todos desdentados e raquíticos, passou a tropa em revista. Foi uma cena lastimável... O brilho de suas medalhas na lapela entrava em contraste com a mansidão deteriorada dos soldados que mal conseguiam segurar seus bacamartes enferrujados pelo tempo sem luta. O ministro da guerra sugeriu que ele posicionasse a tropa em descanso e foi em “téte a téte” ter uma palavra com o general: “Somente um louco não enxerga o que nos tornam...

A força do carnaval

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O carnaval de Aparecida sempre sofreu restrições pelo fato da cidade ser considerada a “capital mariana da fé”. Mas isso não refutou a alegria em várias épocas da nossa história. Na década de 70, o Bloco “Sai que é rolo, deita e rola” ilustrou uma página maravilh0sa do nosso carnaval e tinha como um dos principais personagens o saudoso ‘Brinjela”, que ia á frente do bloco animando os foliões. Dizem que era uma “bebedeira” sem igual... Nesta ideia, foi construído um carro alegórico com o formato de um garrafão onde o amigo Tó Butignon havia criado uma parafernália que consistia numa mola, que girada por uma manivela, levantava uma passista do bloco pelo gargalo do garrafão. A passista em questão era a nossa querida Sarita da Floricultura, sobrinha da Tia Binda, uma das baluartes do carnaval aparecidense e também idealizadora do bloco Sai que é rolo, deita e rola, junto do Dinho Gordura, principal nome e criador do bloco. A elevação da Sarita seria no apogeu da folia, quando o bloco ...

Oferenda

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Já haviam se passado oito dias desde o desaparecimento. No entanto, ele não arredara os pés da praia. Vigiava aquela imensidão feito um cão de guarda. As buscas seguiram o protocolo e se encerraram depois de um tempo. Ele não entendia direito tudo que acontecera. Seu olhar perdido no horizonte denunciava seu desespero silencioso. Teria sido suicídio ou um mero acidente? Chegou a pensar até mesmo na hipótese improvável de outro amor marujo. Assim talvez ela ainda existisse em algum outro porto. Mas a quimera daquele desterro a engoliu sem mostrar pra onde os olhos pudessem procurar. Uma direção qualquer que fosse capaz de destruir aquela incerteza. Um ponto distante que descrevesse o final de uma angustiante busca. No segundo dia do mês de fevereiro ele resolveu então pedir auxilio... Numa folha de papel eternizou alguns escritos esparsos para lançar ao mar: “Eu fui por dentro a profundidade do mar e uma tímida concha por fora. E de tanto rimar a mania de amar, acabei virando o inverso ...

Morte virtual

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...E desde então, passou a não mais responder nossos e-mails, virando apenas uma imagem digitalizada na memória do computador. Deixa senhas esquecidas na eternidade deste universo off line...

As goiabas

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Era uma senhora de nome Áurea e de sobrenome famoso quem estava sendo velada naquela manhã no cemitério Senhor dos Passos. Muita gente na entrada do lugar denunciavam a importância dequela que partia. Entre tantos dali, um garoto que aparentava ter uns sete anos, já se deslocava de um lado para outro, incomodado pelo programa forçado e estranho daquela manhã. Distraída, sua mãe não percebeu quando ele se afastou e começou a andar entre os túmulos dali. Passeava absorto daquela realidade funesta, preocupado apenas em encontrar algo interessante pra brincar. Logo, alguns passos denunciavam uma grande descoberta: uma goiabeira repleta e generosa encostada ao muro. Sem pestanejar, o moleque tratou de ir ao encontro daquelas goiabas amarelas e grandes, perdidas ali, como almas que descansam presas num tempo singular. Ao chegar perto, viu que seria impossível pegar alguma, já que elas estavam nos galhos mais altos. Sem perceber, o coveiro do lugar, vendo o desapontamento da criança, foi ofer...